Há quem acredite que estamos juntando pólvora demais debaixo do tapete. É possível. Mas a verdade é que o Paraná, à sua maneira rude e às vezes primária, costuma revelar-se um animal político estranhamente sofisticado.
Acabou a eleição. Temos governador, vice, deputados, senadores. Nós, que pagamos impostos, estávamos saturados pela propaganda eleitoral intensiva. Foram meses de bombardeio. Já é tempo de descansar dessa zorra toda.
Surpresas? Ora, pois, se soubéssemos do resultado com a antecipação que as pesquisas pretendem nos oferecer, nem seria necessário votar. E há quem acredite que o debate, a troca de acusações, as denúncias, os entreveros não fazem bem à saúde da sociedade. Ora, pois, talvez sejam aqueles que prefiram a paz das ditaduras.
A democracia não foi inventada para eliminar conflitos. Mas justamente pelo contrário. Ela existe para propiciar o contraditório, para permitir a expressão de idéias, para permitir a denúncia, a acusação e a defesa, de tal maneira que todos nós saibamos o que se passa pela cabeça de cada qual que pretende nos governar.
É claro que isso provoca, às vezes, lamentáveis cenas de incivilidade. Mas, melhor que seja assim do que as cenas de barbárie que em outros tempos eram praticadas no breu dos porões do regime fardado.
Outra consideração que me parece muito própria nestes dias de ressaca cívica. A democracia é um processo vivo, permanente, não termina nunca, e mantém as forças movidas por interesses e idéias em movimento.
O bom é que passado o confronto, voltamos todos à outra rotina, sem os programetes eleitorais na tevê e sem os apelos típicos dos discursos de políticos sem grande imaginação. É a vida. Ela continua. E deve ser assim, com muita democracia, eleição à vista para dentro de dois anos. Fábio Campana, na Tribuna do Paraná.
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