Emprego em alta, crédito, juros e inflação baixos alimentam a confiança de consumidores e empresários
Editorial, Estadão
São muitos, e vigorosos, os novos indicadores que mostram uma evolução bastante favorável da economia brasileira. Mesmo num ano em que o País foi submetido a choques inesperados e de efeitos nocivos prolongados, além de ter enfrentado as incertezas de um cenário político turbulento, o emprego formal cresceu, e de maneira notável. Em 2018, foram criados 529.554 empregos com carteira assinada. É um sinal muito claro de que também para as famílias, muitas assoladas pelo desemprego que vinha crescendo desde o fim de 2014, a situação está melhorando. A recuperação do crédito, os juros nos níveis mais baixos em muitos anos e a inflação igualmente muito baixa são outros fatores que alimentam a confiança dos consumidores e dos empresários.
A posse do novo governo pode ter instilado mais ânimo nos agentes econômicos. A preservação e o fortalecimento desses sentimentos estão, porém, condicionados à maneira como o governo enfrentará os grandes problemas nacionais, a começar pela crise estrutural das finanças públicas. São ainda tênues os raros sinais que o governo do presidente Jair Bolsonaro vem emitindo sobre os caminhos que pretende seguir no rumo das reformas de que o País necessita. A demora pode ser prejudicial para o ambiente econômico que, até agora, tem sido de otimismo.
O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia em 2018 é o melhor desde 2013, quando a economia ainda não tinha sido assolada pelo desastre da política econômica da gestão Dilma Rousseff (2011-2016). É também o primeiro saldo positivo desde 2014, quando foram criados 420,6 mil empregos formais.
Como observou o secretário de Trabalho da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, Bruno Dalcolmo, na retomada do crescimento após uma recessão aguda, como foi a que o País enfrentou entre 2014 e início de 2017, a melhora do mercado de trabalho começa pelo emprego informal. Esse fato vem sendo registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e bem mais abrangente do que o Caged. Agora, também o mercado formal cresce. Mas a recuperação do rendimento real ainda é lenta. Em dezembro, o salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada foi 0,21% maior do que o de um ano antes.
Se não tivesse havido a greve dos caminhoneiros no fim de maio do ano passado, que interrompeu o fluxo de mercadorias, matérias-primas e insumos e prejudicou a produção e o consumo, o resultado do ano passado poderia ter sido melhor em termos de geração de emprego.
É muito provável que também em 2019 o resultado do Caged seja positivo, e talvez maior do que o de 2018. Mas, mesmo que continue crescendo, o País ainda levará algum tempo para repor os 2,9 milhões de empregos formais que foram destruídos pela recessão.
O empresariado, de sua parte, vem demonstrando confiança crescente. Em janeiro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aumentou 0,9 ponto em relação a dezembro e alcançou o maior valor (64,7 pontos) desde junho de 2010. É sinal de que os dirigentes industriais estão mais dispostos a investir e a contratar trabalhadores.
Também o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), este calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), subiu em janeiro, na quinta alta mensal consecutiva, e alcançou a marca de 122,6 pontos.
A inflação, já baixa, pode cair mais. A variação de 0,30% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do IBGE foi a menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994, e fez o acumulado de 12 meses cair para 3,77% (em 2018, foi de 3,86%). A firme disposição do governo de enfrentar as graves questões cujas soluções precisam ser propostas com urgência ajudará a melhorar o cenário.
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