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A mudança que não vem

A mudança que não vem

por Juvêncio Mazzarollo

O cientista Albert Einstein, num raciocínio de lógica elementar, deixou dito algo assim: o impasse em que a humanidade se encontra não será superado pelos caminhos que o produziram.

Construiu-se uma civilização que, com sua ciência & tecnologia, parecia estar próxima de fazer reinar na Terra a felicidade material plena, com facilidades cada vez maiores e melhores para tudo e todos. Porém, vê-se agora que, ao contrário, esse modelo de civilização está conduzindo ao desastre, pela simples razão de que a Terra não tem condições de atender indefinidamente à crescente demanda por seus recursos.

Significa que seria preciso mudar radicalmente o modelo de civilização, de desenvolvimento e progresso que, no fundo, é o mesmo desde Caim e Abel, para ficarmos com a alegoria bíblica para explicar o início do que a besta-fera humana seria capaz de fazer – isso sem falar da aprontada de Adão e Eva.

Essa mudança, para ser eficaz e deter o fracasso da humanidade, teria que criar uma nova civilização, um novo homem, com uma conduta adequada aos limites do que é possível produzir e consumir de modo sustentável. No entanto, não há sinal de que a humanidade possa ou esteja disposta a promover essa mudança profunda, radical. A mudança teria de ser sistêmica, isto é, o sistema é que teria de mudar.

Qual sistema? Para não ficar inventando coisas para fugir a expressões deselegantes, cheias de preconceito, o nome dele é mesmo “capitalismo”, aquele sistema cuja dinâmica é produzir, produzir e produzir; consumir, consumir e consumir; lucrar, lucrar e lucrar – como se a Terra pudesse dar conta de tanta voracidade, e como se quem não conseguisse acompanhar essa sanha merecesse ficar pelo caminho, na desgraça. 

Li (não lembro onde nem quem escreveu) que “o homem é capitalista”, com as características apontadas no parágrafo anterior, e ponto final. É isso e, como a História mostra, parece que não adianta tentar forjar outro tipo de ser humano. Pensei: se é assim, a humanidade está ferrada.

E está, porque até hoje não houve jeito de mudar o ser humano. Já foi tentado de tudo, mas tudo continua na mesma, desde Caim e Abel, repito. Jesus Cristo bem que tentou, mas, salvo algum avanço aqui, outro ali, fundamentalmente os caminhos da humanidade nunca mudaram de acordo com seus ensinamentos. Socialismo, cooperação, solidariedade, partilha, respeito à natureza e suas limitações? Que nada! Tudo segue na base do salve-se-quem-puder, da concorrência cada vez mais frenética, da lei do mais forte, esperto e amoral (sem moral), da pressão insuportável sobre os recursos essenciais à vida, ao bem-estar e dignidade dos seres vivos, todos eles.

Agora mesmo, quando a economia, a banca e as finanças mundiais entram em colapso, diz-se por aí que, depois dessa, o mundo não será mais o mesmo. Dá vontade de rir, mas é de chorar, porque tudo o que os donos do mundo estão procurando é uma fórmula para mudar de tal modo que, como sempre, tudo continue do mesmo jeito que tem sido desde Caim e Abel. Até quando? Não sei. E eu não vou querer estar por aqui quando nem mais haverá o que mudar, pois tudo estará em ruínas.  

(*) Juvêncio Mazzarollo é jornalista ambiental em Foz do Iguaçu. Para contatos com o autor, escreva para [email protected] 

A MUDANÇA QUE NÃO VEM

O cientista Albert Einstein, num raciocínio de lógica elementar, deixou dito algo assim: o impasse em que a humanidade se encontra não será superado pelos caminhos que o produziram.

Construiu-se uma civilização que, com sua ciência & tecnologia, parecia estar próxima de fazer reinar na Terra a felicidade material plena, com facilidades cada vez maiores e melhores para tudo e todos. Porém, vê-se agora que, ao contrário, esse modelo de civilização está conduzindo ao desastre, pela simples razão de que a Terra não tem condições de atender indefinidamente à crescente demanda por seus recursos.

Trecho da crônica de Juvêncio Mazzarollo. Leia sua íntegra aqui ou acesse www.guata.com.br