A monumental arrecadação do pedágio em 10 anos
Como não existem valores conhecidos e confiáveis de quanto o pedágio já arrecadou no Paraná nos 10 anos de existência, fica-se com o cálculo do deputado Luiz Cláudio Romanelli, líder do Governo na Assembléia Legislativa: R$ 7 bilhões. Com mais 14 anos que faltam para o fim dos contratos, esse valor quase triplicará. Como as concessionárias não informam o volume da receita e como nem o Departamento de Estradas de Rodagem, nem a Secretaria dos Transportes e nem os deputados indagam, o montante deve ser esse mesmo, ou talvez mais.
Com os R$ 7 bi anunciados, seria possível construir 2,5 mil quilômetros de estradas asfaltadas, o mesmo que 6 vezes o trecho de Londrina a Curitiba, conforme Romanelli. Por isso que, quando se fala do rombo que o pedágio causou no bolso dos usuários que transitam pelas rodovias pedagiadas, fala-se de algo monumental. Um descalabro, inclusive porque o retorno das concessionárias em forma de obras foi pouco.
Essa enorme quantia de dinheiro estarrece, mas outra grave realidade é o fato de não se conhecer prestação de contas ao povo desde que o sistema foi implantado, no governo de Jaime Lerner. No caso norte-paranaense, esperava-se a duplicação da Rodovia do Café, até Ponta Grossa (porque dali em diante a estrada já estava duplicada antes do pedágio), mas tal não aconteceu. Se eventualmente os números citados pelo parlamentar não são exatíssimos, não devem ser muito inferiores.
Quem se habilita, que penetre nesse mistério e faça contas, ou se poste ao lado de uma praça de pedágio e conte os veículos (e seus modelos) que passam diáriamente por ali. Até agora são 3.650 dias de cobrança, pelas 6 concessionárias, com valores altos – hoje de R$ 5,20/R$ 7,10/R$ 9,50/R$ 12,50 para veículos de passeio, a até R$ 59,50 para caminhões de 6 eixos. A resistência do Estado por via de ações judiciais resultou inútil, porque a Justiça deu ganho de causa às concessionárias em todas as demandas.
O Fórum Popular Contra o Pedágio parece malhar em ferro frio, porque as empresas conveniadas estribam-se em contratos assinados. Até que ponto os termos desses acordos foram cumpridos por elas, não se sabe, e não se tem conhecimento de que alguma checagem aprofundada tenha sido feita nesse sentido. Os próprios deputados nunca se interessaram em levantar a fundo essa questão. Imagina-se quanto bem fariam para a economia paranaense os R$ 7 bilhões tirados do meio circulante!
Editorial da Folha de Londrina deste domingo, 7 de dezembro de 2008
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