Dirceu Pio, no Blog do Zé Beto
Ela aplicou uma rasteira e derrubou um homem que carregava uma pequena criança no colo enquanto corria para ingressar, o mais rápido possível, na Hungria; depois chutou com violência várias outras pessoas, inclusive crianças, que haviam acabado de atravessar a fronteira com a Sérvia.
Era loira, usava máscara no rosto como se lidasse com pessoas portadoras de doenças infecto-contagiosas, tem 40 anos, seu nome é Petra Laszlo, húngara, e estava ali como cinegrafista de uma agência noticiosa da Hungria, da qual, dizem, foi demitida tão logo espalhou-se pelo mundo as imagens de sua “admirável ação”, dia 11 de setembro, na fronteira da Hungria com a Sérvia, hoje cercada por um muro bastante alto e encimado por um rolo de arame farpado.
Fiquei abismado com as cenas protagonizadas por Petra; o bicho-homem é capaz de se superar a cada dia que passa !
Aqui no meu canto, realizei uma rápida imersão na história da Hungria para ver se, nela, encontrava alguma explicação para gestos tão obscenos, tanto os gestos de Petra como os gestos do governo húngaro e seu “moderno” muro da vergonha.
Não precisei ir muito longe. Encontrei vários episódios e informações interessantes já no século passado!
A Hungria sempre foi um país bastante belicoso; localiza-se na Europa Central, vive basicamente do turismo e tem alta renda per capita e alto IDH-Índice de Desenvolvimento Humano; já tinha ouvido falar de seus maravilhosos lagos termais e sonhava conhecê-los.
Sonhava, não sonho mais; jamais vou querer visitar países que se recusam a acolher refugiados e erguem paredões para impedir a entrada de “despatriados”.
Curiosamente, a Hungria foi um dos países onde o holocausto, sob comando de Hitler, mais se aprofundou.
Em julho de 1941, o governo (Bardossy) deportou da Hungria 40.000 judeus. Como forma de agradar à Alemanha, Bárdossy aprovou a Terceira Lei Judaica, que proibia o casamento e relações sexuais com judeus.
Estes sofreram perseguições econômicas e políticas durante a administração Kállay, mas o governo protegeu-os da “solução final” (Extermínio Total dos Judeus na Alemanha e nos países ocupados).
Após a ocupação da Hungria pelos nazistas, começaram as deportações de judeus para campos de concentração na Polônia, supervisionados pelo coronel SS Adolf Eichmann, julgado e enforcado em Israel em 1961.
Em maio e junho de 1944, a polícia húngara deportou cerca de 440.000 judeus em mais de 145 trens, a maioria para Auschwitz.
No total, mais de 533.000 judeus da Hungria foram mortos durante o Holocausto, bem como dezenas de milhares de ciganos.
Os judeus sempre estiveram presentes na Hungria, desde os primórdios da Idade Média, e a maior sinagoga da Europa se localiza em Budapeste, a capital do país.
Declaram-se judeus hoje apenas 0,1% de toda a população húngara, de um total que se aproxima de 10 milhões.
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