Segundo Murilo Hidalgo, da Paraná Pesquisas, os levantamentos feitos com grande antecedência estimulam o voto nos candidatos mais competitivos – e não necessariamente nos melhores. Entrevista a Murilo Ramos na Época.
ÉPOCA – Qual é a opinião do senhor sobre a divulgação de simulações de segundo turno antes da realização do primeiro turno?
Murilo Hidalgo – Essa divulgação induz o eleitor a dar o voto útil. Votar naqueles que são mais competitivos. Além disso, o resultado da primeira pesquisa sobre o segundo turno, divulgada assim que acaba o primeiro, costuma ser diferente daquelas divulgadas até o primeiro turno. Quem arranca melhor no finalzinho do primeiro turno costuma sair na frente nas pesquisas do segundo. Isso ocorreu na eleição passada. Em 2014, Aécio Neves (PSDB) teve uma arrancada importante. Passou a Marina Silva (então PSB), chegou ao segundo turno e, na sequência, ficou na frente nas primeiras pesquisas. Só que as simulações de segundo turno – feitas ainda no período do primeiro turno – apontavam a Dilma na frente. Dessa forma, deveria haver restrições na divulgação de simulações de segundo turno. Defendo que a primeira divulgação só ocorra a poucas horas da realização do primeiro turno.
ÉPOCA – Os candidatos usam as simulações de segundo para tentar conquistar o voto com base nessas projeções. Por que isso acontece?
Murilo Hidalgo – Lançam mão dessas pesquisas como instrumento de marketing para a campanha. Um determinado candidato tenta induzir o voto nele para eliminar os candidatos que talvez o eleitor não queira ver eleito. Vira uma eleição de exclusão. Dessa forma, a qualidade da candidatura fica em segundo plano.
ÉPOCA – O senhor acredita que a medição feita nas pesquisas sobre quem deverá ganhar a eleição também tem peso sobre o eleitor?
Murilo Hidalgo – Acho que influencia no voto útil assim como as simulações de segundo turno. Infelizmente ainda há uma pequena parcela da população que vota em quem acha que ganhará as eleições.
ÉPOCA – Quem ganhará as eleições presidenciais deste ano?
Murilo Hidalgo – Aquele que tiver a menor rejeição. Não tenho dúvida. No segundo turno, esse critério definirá. Em 2014, a rejeição a Dilma Rousseff era alta. Mas a do Aécio cresceu muito no segundo turno. Até o primeiro turno ele não era favorito. Falando dessas eleições, a rejeição a Jairo Bolsonaro (candidato do PSL) é grande. A rejeição a Fernando Haddad (PT) é menor. Mas a do Haddad crescerá com certeza. O fato de ele ser candidato há pouco tempo o poupou de uma rejeição maior.
link entrevista
https://epoca.globo.com/a-divulgacao-de-simulacoes-de-segundo-turno-deveria-ser-repensada-diz-diretor-de-instituto-de-pesquisa-23113368
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