Como estava escrito nas estrelas, o ex-presidente Lula disse que não pagou pelo triplex, não estava interessado nele, não poderia nem ir à praia (“só às segundas-feiras e nas Quartas-feiras de Cinzas”), “Dona Marisa” não gostava mesmo de praia e, afinal, o apartamento era pequeno e cheio de defeitos. Ah! E Lula não sabia de nada do que ocorria na Petrobrás nem no PT.
Então, quem sabia alguma coisa? Lula jogou o apartamento no colo da mulher dele, que já morreu e agora está no centro da Lava Jato. Marisa Letícia é quem estava interessada no triplex (para investimento?) e Lula só soube depois que ela tinha ido lá com o filho, mesmo depois da desistência da compra. Essas mulheres…
Moro não se intimidou e fez perguntas curtas, diretas, respaldadas por agendas, datas, fatos. Lula, ao contrário, parecia inseguro, sem a fluência e as sacadas típicas dele. Recorreu o tempo todo a “não sei”, “não lembro”, não tinha obrigação de saber que Renato Duque “operava” para o PT na Petrobrás e que Pedro Barusco roubava tanto que pôde devolver US$ 100 milhões à justiça.
O depoimento foi, tecnicamente, sobre o triplex, mas ele é só uma das materializações das relações promíscuas entre o ex-presidente e as empreiteiras. Por isso, Moro fez várias perguntas sobre Duque, Barusco e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Mais do que o triplex, o que complica Lula é o encontro com Duque num hangar em São Paulo. O que um ex-presidente queria com um ex-diretor da Petrobrás? E por que pediu a mediação de Vaccari, que nem era do governo nem da Petrobrás? Segundo Duque, Lula foi pedir para anular provas. Mas Lula disse que só queria saber se era verdade que Duque tinha contas milionárias no exterior. Ficou claro que, como não poderia negar o encontro, Lula adocicou a verdade. Adivinha com qual versão a Justiça trabalha?
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