por Celso Nascimento, na Gazeta do Povo
Os holerites dos 23 conselheiros, auditores e procuradores do Tribunal de Contas vieram mais gordos este mês com a inclusão de R$ 630,00 referente a “auxílio-alimentação”.
Eles se acharam no direito de auferir o benefício ao examinar resoluções do Órgão Especial do Tribunal de Justiça que concederam aos desembargadores a mesma verba destinada a custear comida para quem já ganha o teto do funcionalismo público, R$ 24 mil por mês.
Detalhe: a concessão do benefício retroage a 19 de maio de 2004 – o que significa que o holerite de cada um dos 23 membros do TC que ocupam aquelas funções veio recheado também dos “atrasados” – bolada que supera R$ 60 mil.
Mesmo os conselheiros, auditores e procuradores já aposentados, mas que estivessem ainda na ativa a partir de 2004, receberam o retroativo proporcional correspondente.
Mais um detalhe: a implantação do “auxílio-refeição” nos subsídios foi feita antes mesmo da aprovação de ato interno do Tribunal de Contas instituindo o benefício. O processo 336889-12, que tem como relator o conselheiro Ivan Bonilha, só entrará na pauta de votação na sessão plenária da próxima quinta-feira. Mas a aprovação já está garantida pelo fato consumado.
O próximo passo, a seguir a “cascata” criada pelo TJ e outras corte do país, será implantar também no Tribunal de Contas o “auxílio-livro”, verba de R$ 3 mil por ano, de que já gozam os desembargadores.
É sugestiva a manchete para falar na COMIDA DAS CRIANÇAS DE LONDRINA. Está imperdível a edição impressa da Folha de Londrina desta terça-feira, 29 de maio: na página 3, um terço do espaço, fala do depoimento de Marco Cito que está preso há mais de trinta dias por participar do “suposto esquema” da compra de vereadores na Câmara Municipal; e, na página 4 no mesmo tamanho, quase que em cima da outra matéria, reportagem sob o título “Joel Garcia é condenado por concussão pela Justiça”.
Explico: a condenação do vereador Joel Garcia (PP), que se elegeu pelo PDT e passou pelo PTC antes de ser abrigado pelo belinatismo, foi motivada por denúncia feita pelo prefeito Barbosa Neto ao Ministério Público quando o parlamentar articulava para continuar fornecendo maçãs e outras frutas para a merenda escolar, como vinha fazendo nos 8 anos do Governo Nedson Micheletti (PT). Vale lembrar que Londrina esteve nas páginas policiais no chamado “escândalo das maças podres”, pois a SP Alimentação costumava dar maças e outros gêneros em condições sofríveis para as crianças. As merendeiras dividiam as maças e todas as porções em quatro partes e as crianças não podiam repetir o prato e quanto menos as crianças comiam, mais os funcionários recebiam. Para se ter uma idéia, o atual prefeito conseguiu diminuir de R$ 1,40 para R$ 0,80 ou menos o valor da merenda aumentando para 5 refeições diárias nas 23 escolas de período integral de Londrina, liberando a criança pra comer a vontade, repetindo o prato quantas vezes quiserem.
É a segunda condenação desse vereador em menos de três anos, a primeira foi por compra de votos e chegou a ficar preso por dois meses. Joel Garcia só não perdeu o mandato, à época, porque houve omissão do próprio partido pelo qual foi eleito em pedir a vaga para o suplente, no tempo hábil, devido a manobras de alguns desafetos internos do prefeito Barbosa Neto. O curioso nessa história é que as três testemunhas da acusação contra o vereador – Marco Cito, Alysson Tobias de Carvalho e Rogério Lopes Ortega – estão presos acusados de participarem do “suposto esquema” da compra de votos na Câmara a favor do prefeito. Pode?