na Folha de S.Paulo
Lula não precisa e não deveria desferir golpes abaixo da cintura, até porque o PT já tem bom arsenal contra os tucanos nas eleições de 2014, atacando de Siemens, Alstom, trem, metrô, palavrinhas que marcam bem uma campanha.
Com sua alta popularidade, seu poder de comando no PT e seu status de ex-presidente, ele deveria pensar bem antes de falar e mais ainda antes de insinuar. Mas Lula foi buscar mensagem subliminar de profundo mau gosto contra adversários.
Os gritos ecoavam no salão cheio de jovens e militantes no congresso do PT: “Sou brasileiro e não me engano, a cocaína financia os tucanos”.
O grande líder não apenas autorizou como potencializou, jogando gasolina na fogueira: “Se for comparar o emprego do Zé Dirceu no hotel com a quantidade de cocaína no helicóptero, pelo menos houve uma desproporcionalidade no assunto”.
Era para ser mais um ataque à imprensa, tática surrada de Lula para levar as plateias petistas ao delírio, mas virou uma tentativa um tanto sórdida de criar e massificar um vínculo dos tucanos com cocaína.
A referência dos militantes –que até podem ser irresponsáveis– e do seu líder –que não tem esse direito– era à grande dose da droga encontrada no helicóptero da família do senador Zezé Perrella.
Perrella é ligado ao candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, mas ele não é do PSDB, é do PDT. E, aliás, até sexta não havia algo que o comprometesse com a co- caína e muito menos um documento, uma declaração ou uma revelação envolvendo o tucano com as drogas do helicóptero.
Derrotado usar essa sujeira já seria inadmissível. Se quem usa é potencial vitorioso, como Lula, passa a ser indigno. Enlameia não os adversários, mas a própria campanha.
Duvido que Dilma aprove. Mas também duvido que ela tenha poder para controlar Lula, o partido e até a própria campanha. Que, apesar de favorita, vai por um mau caminho.
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