Ágide Meneguette
Os brasileiros são acostumados a lidar com crises. Há algumas décadas, a gente vem emendando uma com outra, com breves períodos de tranquilidade. São crises políticas que provocam crises econômicas, que geram novas crises políticas, e assim por diante.
Estamos em plena crise, de novo. E os números revelados pelo IBGE, na semana passada, resumem o problema: de janeiro a março deste ano, o PIB, que equivale à soma de todas as riquezas criadas no Brasil, encolheu 0,3%. O número até parece pequeno, mas o PIB não é um número que possa encolher: para que o país continue funcionando, gerando empregos e alimentando nossa população, o certo é que ele cresça sempre. Mas não é o que vem ocorrendo: é o quinto trimestre seguido de encolhimento, uma situação tão ruim que não acontecia desde a década de 1930.
Em um mundo tão conectado como o de hoje, há crises que são resultado de problemas internacionais. Foi assim quando os bancos americanos quebraram, em 2008/2009, ou na terrível crise do petróleo dos anos 70 e 80 do século passado. A crise de agora não é dessas. É resultado de uma sequência de erros do governo – um governo que foi encerrado prematuramente, por causa da sua própria incompetência em administrar as contas públicas, usando de artifícios que o Senado deve confirmar ilegais e afundando a nação em desemprego e desesperança.
Durante anos o governo federal estimulou o endividamento das famílias, mediante a redução de impostos em determinados segmentos do consumo (como automóveis e eletrodomésticos, entre outros) e a concessão de estímulos para que os bancos concedessem empréstimos. Hoje o brasileiro está endividado e as empresas não investem. Apenas o governo é que gasta mais do que tem, e por isso temos uma previsão de déficit de R$ 170 bilhões.
Por causa dessas barbeiragens do governo, até o setor agropecuário encolheu nas contas do PIB. Acumula agora uma queda de 1% no acumulado dos últimos quatro trimestres. É importante, aqui, destacar que o Paraná é exceção nesse cenário: aqui, o PIB agropecuário cresceu 1,3% no mesmo período.
Como já disse, os brasileiros são acostumados a lidar com crises. Deixaremos essa para trás, como já fizemos antes. E vamos construir um Brasil melhor, mais produtivo e capacitado para vencer as crises futuras. No campo, essa transformação vem ocorrendo nos últimos 20 anos, com a adoção de mais tecnologia, com o surgimento de uma geração antenada no que há de melhor em termos de ciência e de técnicas de administração. A agricultura do futuro já está presente no Brasil, e está ajudando a nos tirar de mais essa crise.
Ágide Meneguette é presidente da Faep (Federação da Agricultura do Paraná)
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