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Agressões e troca de acusações marcam eleições no PT

Agressões e troca de acusações marcam eleições no PT

Membros de chapas opostas à liderada por Vitorassi acusam-no de agredir ex-presidente do partido
 
Nelson Figueira (A Gazeta do Iguaçu, Foz do Iguaçu, 14/04/2008) – Supostas agressões, ameaças e troca de ofensas marcaram a eleição dos delegados que definirão o posicionamento do Partido dos Trabalhadores nas eleições deste ano. De acordo com membros de quatro das seis chapas concorrentes, o presidente do PT, Dilto Vitorassi, teria agredido sua antecessora, Andréa Strasburger, com um tapa no rosto, impedido com truculência a entrada do secretário de organização do partido, André Alliana, no Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, e expulso do local Michael Gimenez, que encabeça a chapa 4. Suplente de deputado federal e um dos inscritos para disputar a indicação para candidatura a prefeito, Vitorassi rejeitou ter havido conflitos e acusou as chapas opositoras de ser uma farsa.
 
Como narrou Andréa, que por anos advogou para o sindicato e ao próprio partido, a agressão da qual supostamente foi vítima partiu do ex-deputado como forma de tentar dissuadi-la de ingressar na sede do sindicato com material de sua chapa, de número três. De acordo com ela, como representante do grupo ela esteve em uma reunião na sexta-feira, na sala de Vitorassi, quando foi decidido pela Executiva Municipal que todas as chapas poderiam colocar seus materiais na parte interior dos locais de votação — Câmara de Vereadores, AKLP e sede sindical.
 
Ao chegar na manhã de ontem, para providenciar a colocação dos banners, Andréa teria sido barrada e acusada de estar mentindo. "Ele (Vitorassi) disse que eu não iria colocar o material. Eu respondi que iria, pois a decisão é da Executiva. Ele veio e nisso formou-se um grupo ao meu redor. Ele me deu um tapa, me empurrou e quando retornou, eu o empurrei. Foi então que as pessoas chamaram a Polícia Militar para que viesse ao meu socorro, pois eu não tinha pessoas da minha chapa por perto", contou a advogada. De posse do protocolo da ocorrência registrada pela PM (código AA017195), Andréa disse preferir não comentar sobre o processo ético disciplinar que será instaurado em razão da situação vivida por ela.
 
Impedimento – De acordo com o secretário de organização petista, André Alliana, não apenas a ex-presidente, mas ele mesmo teria sido tratado com truculência. Como lembrou, além de presidente do PT, Vitorassi também está à frente do sindicato onde teriam ocorrido as agressões. A segunda teria o próprio Alliana como vítima, que disse ter ido dado apoio a Andréa. "Fui barrado por um segurança do Vitorassi, por ele e mais pessoas, que me impediram de entrar no sindicato, sendo que sou filiado ao PT, inscrito para disputar as prévias declaradamente e agora registrado (para ser candidato a prefeito)". A agressão ocorreu, segundo Alliana, sob alegação de que ele não era votante do local e por isso não poderia entrar. No entanto, disse, a votação é aberta a filiados, não filiados e até a representantes de outros partidos. Como informou Alliana, ele pretendia ainda ontem registrar boletim de ocorrência, pois teria sofrido empurrões, chute e tentativa de imobilização com uma "gravata".
 
Terceira – Conforme ele, o terceiro ato de agressão teria sido contra Michael Gimenez, que estava no local distribuindo panfletos. "Ele (Vitorassi) retirou os materiais das mãos dele (Gimenez) e, aos empurrões, mandou se retirar do sindicato. O motivo seria a camiseta estampada por Gimenez — que não pertence à chapa do ex-deputado, mas trajava uma camiseta com a foto de Vitorassi ao lado de Lula. O Michael tem uma chapa que apontava até como defesa a candidatura do Vitorassi, mas ele (o presidente do PT) se estressou com e acabou agredindo o Michael na frente do Sindicato dos Rodoviários". Outra acusação contra Vitorassi partiu de Alliana e de Maria Olívia da Cruz. De acordo com ambos, aliados do ex-deputado teriam impedido que a afiliada entrasse na favela da Guarda Mirim, para convocar eleitores da chapa 3, encabeçada pelo secretário de organização e pela advogada. "Cheguei lá e sofri ataques, pois já tinham pessoas nos esperando para bater e impedir que entrássemos. Tinham umas pessoas, que não vou citar nomes, eles atrapalharam muito e agrediram com palavrões", contou a militante. Para Alliana, os fatos prejudicam "muito a democracia interna" do partido. De acordo com ele, sua chapa entrará com recurso, "pois esperavam uma discussão democrática". "Sem dúvida nenhuma a eleição está prejudicada. O Vitorassi conseguiu afastar os filiados".