Milho transgênico causa dano à saúde
Apresentada prova científica definitiva – milho transgênico em circulação causa dano à saúde
Foi apresentada pela primeira vez prova científica irrefutável do impacto na saúde de milho transgénico. Trata-se da variedade MON 863(1), produzida pela Monsanto (a maior multinacional de sementes transgênicas do mundo) e que foi objeto de estudo toxicológico pela própria empresa. Num artigo(2) publicado numa revista científica são apresentados os resultados, dramáticos, da análise detalhada desse estudo: há alterações de crescimento e grave prejuízo para a função hepática e renal (fígado e rim) dos animais de laboratório que consumiram tal milho(3).
Ainda mais grave é o facto de que o milho MON 863 está actualmente em circulação na União Europeia(4), e que o estudo original da Monsanto (com mais de mil páginas) foi divulgado antes da aprovação europeia ter sido atribuída. Mas a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (AESA) não fez uma avaliação detalhada do trabalho, assumindo que as conclusões apresentadas pela empresa (de que o milho era inócuo) eram coerentes com os dados obtidos.
Face aos resultados agora publicados o governo português, através da autoridade competente sediada no Ministério do Ambiente, tem obrigatoriamente de assumir as suas responsabilidades na área da proteção da saúde pública e tomar as seguintes medidas:
– proibir desde já a circulação de milho MON 863 em todo o território nacional, mesmo aquele que já esteja processado, embalado ou pronto a vender;
– notificar a Comissão Europeia para que estas medidas de emergência sejam tomadas a nível de toda a União Europeia;
– solicitar com carácter de urgência a reavaliação imediata das restantes variedades de transgénicos já autorizadas para a União Europeia.
Gualter Baptista, da Plataforma Transgênicos Fora do Prato, lembra: "Isto é o golpe final na credibilidade do sistema europeu de autorizações. Se uma empresa pode dizer que está tudo bem com o seu transgênico e ninguém na AESA se dá ao trabalho de ir verificar, que outras variedades já aprovadas não terão idênticos impactos na saúde ou no ambiente? Agora todos os transgênicos têm de ser considerados culpados até haver provas independentes de que são realmente inocentes."
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(1) O milho MON 863 produz um insecticida nos seus tecidos (o Cry3Bb1 modificado) que mata insetos coleópteros. Nos EUA este milho transgênico está classificado como planta pesticida visto que todas as suas células são tóxicas para os insectos – um hectare deste milho contém cerca de um quilo de substâncias venenosas.
(2) O artigo intitula-se "New analysis of a rat feeding study with a genetically modified corn reveals signs of hepatorenal toxicity", é da autoria dos cientistas franceses Séralini, Cellier e Vendemois e está publicado na revista científica americana Archives of Environmental Contamination and Toxicology. O professor Séralini, da universidade francesa de Caen, pertence ao comité de biossegurança do governo francês.
(3) A análise dos dados da Monsanto apresentada neste estudo revela um aumento de até 40% dos triglicerídeos do sangue em ratos fêmea e uma redução de até 30% do fósforo e sódio na urina de ratos macho. Também se detectaram alterações no peso dos animais: os machos cresceram menos que os animais de controle, e as fêmeas cresceram mais. Estes valores são estatisticamente significativos e estão directamente relacionados com o consumo do milho transgénico. O estudo durou apenas 90 dias – não existem dados sobre efeitos de longo prazo – e não permite saber porque é que o facto de o milho ser transgénico induziu estes danos nos animais de laboratório.
(4) O milho MON 863 foi aprovado (para toda a União Europeia) a 8 de Agosto de 2005 e ao abrigo da Directiva 2001/18 para importação e utilização em rações, e a 13 de Janeiro de 2006 e ao abrigo do Regulamento 1829/2003 para alimentação humana.
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Para mais informações:
Gualter Baptista (91 909 0807) ou Margarida Silva (91 730 1025)
A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por onze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; Geota, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente; QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e Salva, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras. Para mais informações contactar [email protected] ou www.stopogm.net
Mais de 10 mil cidadãos portugueses reiteraram já por escrito a sua oposição aos transgênicos.
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