O agente penal federal Jorge José da Rocha Guaranho alegou amnésia (perda de memória) para não responder as perguntas, nesta quarta-feira (28), na audiência de instrução e julgamento no processo criminal em que é reu pelo homicídio duplamente qualificado do guarda municipal de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda. O juiz Gustavo Germando Francisco Arguello aceitou pedido da defesa e adiou por mais 10 dias a decisão sobre o júri popular.
O crime ocorreu dia 9 de julho, lembra o GDia. Militante bolsonarista, Guaranho ficou sabendo a vítima, que era tesoureiro do PT, comemorava os 50 anos com familiares e amigos, em uma festa temática ao ex-presidente Lula, no quiosque de uma associação a qual já foi diretor na Vila A. O agente penal foi até o local tocando música do presidente Bolsonaro, com a intenção de provocar. Após discussão, ele saiu e retornou 10 minutos e desceu do carro já atirando.
Durante a audiência ontem, Guaranho alegou amnésia e “não respondeu as perguntas acerca do fato criminoso. Sequer as do Juiz”, informaram em nota os advogados Daniel Godoy Junior e Andrea Pacheco Godoy, constituídos pela família de Marcelo Arruda como assistentes técnicos no processo. O juiz, atendendo a defesa do réu, facultou a apresentação de Memoriais (argumentos por escrito que exporão as teses da defesa em relação ao fato).
De acordo com os advogados de acusação, conforme os fatos trazidos nos autos até o momento, “inclusive com imagens”, restou demonstrado que “ocorreu crime contra a vida motivado por ódio em face de razões políticas. O homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora”, afirmam os juristas.
Que ressaltam: “Além da vítima, o assassino colocou a vida de dezenas de pessoas em risco, o que indica que a atitude corajosa de Marcelo, ao repelir a injusta agressão, evitou que mais pessoas fossem mortas”. No confronto, a vítima mesmo ao chão, conseguiu disparar sua arma atingindo o atirador, que acabou desacordado.
Um mês internado
Guaranho foi levado ao hospital onde permaneceu internado por um mês, antes de ser transferido para o Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde permanece preso até o momento. Após o novo prazo concedido à defesa, Ministério Público (MPPR) e assistentes de acusação concordaram que, “no sentido de que estão provados os fatos”, o réu deve responder por homicídio duplamente qualificado.
Os assistentes de acusação salientam que os sucessivos atos de violência política registrados no país, “seguintes ao assassinato de Marcelo” como mortes, agressões, intimidações a populares, mulheres e jornalistas, “confirmam a necessidade de apuração quanto a responsabilidade da autoridade máxima da Nação”, no caso o presidente Bolsonaro.
“É necessário investigar a influência de terceiros, partícipes ou não, integrantes de grupos organizados ou não, que instigaram o assassino a agir de forma cruel contra Marcelo e as demais pessoas presentes, tendo como mote o ódio político”, dizem os advogados. Antes da audiência de ontem, familiares e amigos do tesoureiro do PT fizeram uma manifestação pedindo Justiça em frente ao Fórum de Foz do Iguaçu.
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