Ex ministro da Agricultura Reinhold Stephanes/ Foto crédito; Portal Memória Brasileira
O Brasil gasta quase 10 bilhões de dólares por ano na importação de fertilizantes necessários à manutenção da produtividade das lavouras do país, muito embora detenha reservas próprias de potássio e fósforo, duas das principais matérias-primas usadas na formulação de adubos e que poderiam garantir a autossuficiência nacional desses insumos. Há no mundo apenas quatro países fornecedores, com comercialização controlada por tão somente duas gigantes multinacionais. Livrar-se desta dependência é fundamental para o Brasil assegurar a sua crescente hegemonia como grande exportador de alimentos – principal fonte das divisas nacionais.
Esta tese voltará a ser defendida na quarta-feira (28) pelo ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes em palestra virtual para ministros e assessores técnicos do presidente Jair Bolsonaro, a convite da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Um extenso relatório elaborado durante sua gestão do ministro da Agricultura (2003-2008) e um livro de sua autoria publicado em 2008 foram inseridos como fontes para o debate de prioridades definidas pelo governo federal, envolvendo os ministérios de Minas e Energia, Agricultura, Ciência e Tecnologia e Economia. O livro “Marco regulatório e diretrizes para a autossuficiência de fertilizantes” pode ser encontrado nas bibliotecas de instituições ligadas à pesquisa agropecuária e de entidades vinculadas ao agronegócio.
Com dados atualizados, a palestra vai oferecer subsídios para a implementação de políticas que visam a garantir a nacionalização da produção de fertilizantes – providência que Stephanes considera vital para tornar o país menos dependente de fornecedores externos, baratear custos de produção e manter os altos índices de produtividade e qualidade da agropecuária brasileira.
“Os produtores rurais não podem correr o risco de sofrer com a escassez desses insumos”, defende, ressaltando ainda a importância de produção própria de adubos como forma de reduzir custos e melhorar a competitividade do Brasil no comércio global de alimentos.
Grande parte das jazidas nacionais de potássio e fósforo se situa na Amazônia, mas Stephanes afirma que há outras áreas não protegidas com alto potencial de exploração dos minerais com reduzido ou nenhum risco ambiental graças a tecnologias modernas e não agressivas de extração. “Já estão superados os entraves ambientais que, por décadas, condenaram o Brasil à situação extrema de dependência externa de fertilizantes”, diz o ex-ministro.
Ex-deputado federal por seis mandatos, ministro da Agricultura e da Previdência nos governos Fernando Henrique e Lula, além de secretário estadual da Agricultura, da Administração e do Planejamento, o economista Reinhold Stephanes ocupa atualmente a presidência da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Paraná (Agepar).
Deixe um comentário