Ontem, quinta-feira (10), foram registrados 769 óbitos e 53.359 novos casos de coronavírus — já são 179.801 vidas perdidas e 6.783.477 infectados no país. A média móvel está em 642 mortes, 35% maior do que o cálculo de duas semanas atrás. O país tem 22 unidades federativas com tendência de alta, três em estabilidade e apenas duas em queda.
Campo Grande é a capital que mais sofre para internar seus pacientes: todos os leitos de UTI destinados a pessoas com Covid-19 foram ocupados. Por isso, foi necessário instalar novos leitos, que ainda não foram oficialmente integrados ao SUS, mas que são mantidos pelas secretarias municipais de Saúde e pela própria secretaria estadual. Isso explica a ocupação acima de 100%.
No Hospital Regional da capital sul-mato-grossense, referência para tratamento contra o coronavírus, o pronto atendimento a pacientes com a doença está à beira do colapso: 20 pessoas estão na sala destinada a casos menos graves, que tem capacidade para 13 vagas. Os setores de nefrologia e endoscopia, que foram adaptados para receber pacientes graves com Covid-19, também estão lotados, mesmo com os novos leitos de UTI abertos na última semana.
As outras capitais com ocupação superior a 90% nas UTIs de Covid no SUS são Boa Vista, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro, Porto Velho e Porto Alegre. Há outras duas capitais com ocupação acima dos 80%: Vitória e Recife.
Os estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul também estão com suas UTIs públicas destinadas à Covid-19 com ocupação superior a 80%, o que eleva o risco de faltar leito para novos pacientes.
No intuito de abrir mais vagas de UTI para atender pacientes de Covid-19 e também para outras enfermidades graves, hospitais públicos e privados estão suspendendo, novamente, cirurgias eletivas e transformando enfermarias em alas de terapia intensiva.
Sem ilusão
A ideia de que a vacina trará imediatamente de volta a rotina existente antes da pandemia é ilusão, acrescenta o infectologista Marco Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A imunização, neste primeiro momento, tem o objetivo de evitar os casos severos da doença.
— As vacinas certamente vão ajudar no combate à Covid-19, fazendo parte do pacote de medidas contra o vírus, mas ainda teremos doentes com quadros mais leves e com potencial de transmitir. Não é porque você tomou a vacina que pode ficar totalmente tranquilo. As medidas já implementadas pelos órgãos oficiais vão ter que continuar sendo seguidas rigorosamente com ou sem a vacina. Não podemos mudar os hábitos nos primeiros meses do ano que vem até saber como os vacinados vão responder à imunização. Tudo isso é muito prematuro.
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