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Laboratórios da Unila já realizaram mais de 5 mil exames que detectam anticorpos para o coronavírus

O Laboratório de Tecnologia de Desenvolvimento de Vacinas e o Laboratório de Bioquímica e Microbiologia da Unila realizaram mais de 5 mil exames sorológicos para determinar o número de pessoas que já foram expostas ao novo coronavírus, em Foz do Iguaçu e aldeias indígenas da região.

Desenvolvido pela equipe coordenada pelo professor Kelvinson Viana, o teste utiliza a metodologia Elisa (do inglês Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) para a detecção do Sars-Cov-2, o vírus que provoca a Covid-19.

Os testes sorológicos produzidos com base na metodologia Elisa são mais sensíveis e específicos que os testes rápidos, disponíveis no mercado – no caso do teste desenvolvido pelo laboratório da Unila, a sensibilidade é de 95% e a especificidade é de 98%.

 “A chance de o teste apontar um falso positivo é extremamente baixa. Todo teste sorológico tem a chance de dar falso positivo ou negativo. Não há, no mundo, um teste 100% sensível e 100% específico. Se você ganha em uma coisa, perde em outra. Até o molecular [RT-PCR] é assim”, comenta Viana.

Por meio de uma parceria com a Prefeitura, também foram realizados exames com os servidores do Hospital Municipal Padre Germano Lauck; do Centro de Controle de Zoonoses e seus familiares; das Unidades Básicas de Saúde da Vila C, Jardim Morumbi e Jardim Cidade Nova; da Secretaria Municipal de Meio Ambiente; e do Zoológico Municipal.

Outras parcerias também permitiram a realização de exames em duas aldeias indígenas de Itaipulândia, no Centro de Medicina Tropical (análise para verificar eficiência dos testes rápidos adquiridos e comparar resultados) e Infraero

Método Elisa

Na metodologia Elisa, o diagnóstico sorológico de Covid-19 é feito através das dosagens de anticorpos da classe Ig-M, produzidos no início da infecção, o que indica que a pessoa entrou em contato com o vírus em torno de uma semana; e da classe Ig-G, marcadores mais efetivos de proteção, formados mais tardiamente, o que indica que a pessoa entrou em contato com o vírus há pelo menos 15 dias.

Nos inquéritos sorológicos realizados para a Prefeitura de Foz, são utilizados somente os marcadores Ig-G.

“A maioria das pessoas é assintomática. Por isso, normalmente, só dosamos o Ig-G. Se der positivo, a pessoa teve contato com o vírus, mas é provável que não esteja mais transmitindo o vírus. Essa análise serve como uma forma de ver o passado, de saber como está o panorama de pessoas que já entraram em contato com o vírus em Foz do Iguaçu. Por isso os inquéritos são importantes”, destaca o professor.

 Segundo ele, com inquéritos em intervalos de 15 ou 30 dias é possível acompanhar a evolução da infeção na cidade. “Só é possível saber se a cidade atingiu a imunidade coletiva fazendo sorologia ao longo do tempo”, diz, lembrando que o primeiro inquérito utilizando o método, realizado em 15 de maio, apontou 4% de infectados e que o último, realizado em 24 de julho, apontou 37%.

Vírus Ativo- Para detectar o vírus ativo e tomar decisões sobre o paciente, o exame a ser realizado é o molecular (RT-PCR), preconizado pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde (OMS). “Se der positivo, significa que a pessoa está transmitindo vírus naquele momento. O RT-PCR só é realizado em pacientes sintomáticos”, explica Kelvinson Viana.

“Por vezes, ocorre de o paciente apresentar um quadro completo de Covid-19, mas já se passaram vários dias após o início da infecção e, no momento de realizar a testagem por RT-PCR, o resultado pode dar negativo, porque o vírus não está mais presente na região de mucosa onde o material é colhido”, completa. Nesses casos, o teste Elisa serve de apoio diagnóstico fundamental aos médicos.

 “Temos encontrado isso em alguns pacientes do Hospital Municipal. O teste Elisa não faz diagnóstico confirmatório porque o confirmatório é só o que detecta o vírus [teste molecular]. O Elisa detecta a presença de anticorpos, que foram produzidos pelo organismo a partir do estímulo viral, e ajuda a fechar o diagnóstico”, esclarece.