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Pré-candidatos já podem, mas não devem lançar vaquinhas virtuais

urna eletrônica. Foto: Nelson Jr./ ASICS/TSE

A modalidade de arrecadação a partir das plataformas digitais foi adotada pela primeira vez no pleito de 2018. Na ocasião, candidatos captaram R$ 20 milhões no país. Ainda que o valor tenha sido baixo em relação ao fundo eleitoral — R$ 1,7 bilhão naquele ano —, a alternativa se mostrou promissora.

Agora, apesar do cenário de indefinições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu repetir a fórmula, praticamente no mesmo formato. Como não houve modificação nas regras, que funcionaram com precisão em 2018, esse formato se tornará uma alternativa mais promissora agora.

Embora seja uma forma de doação que não faz parte da cultura política em nosso país, deverá ter, neste ano, importância bem maior da que teve em 2018, não só pelo fato de a politica de distanciamento social imposta pela pandemia estar jogando as campanhas quase que exclusivamente para as redes, mas também pelo fato de que as pessoas estão mais integradas do que nunca nas redes sociais.

A única questão que se imporá é se, neste clima péssimo de insegurança gerado por este momento triste da humanidade, com forte reflexo econômico, as pessoas vão se sentir atraídas para este tipo de participação política.

Em tempos de distanciamento social, o uso das ferramentas on-line tende a aumentar, mas os partidos vivem agora um impasse. Além de aguardar definição sobre a votação, que deverá ser adiada, há dúvidas se existe clima para desenvolver campanhas publicitárias para pedir dinheiro aos eleitores em um contexto tão sombrio. É. Também há pesadas dúvidas se haverá engajamento em meio ao agravamento da crise econômica, que vem se agravando.

Na minha opinião, os políticos serão mal interpretados se levarem a questão adiante. As pessoas estão muito angustiadas e inseguras e ainda tem todo o problema financeiro envolvido. Sem contar que, com a cifra bilionária disponibilizada pelo fundo público eleitoral, haverá provavelmente um ambiente propício para fortes questionamentos por parte da população. É triste dizer, mas, em relação ao regramento eleitoral no Brasil, parece que nada dá certo.
A orientação que tenho dado a amigos e clientes é para que esperem. É cedo para dar início às campanhas de financiamento coletivo. Enfim, se eu viver, verei!

João Miras é um publicitário e estrategista de marketing político