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Castrolanda prevê crescer até 8% neste ano – se o Coronavírus não atrapalhar

Fundada por famílias de imigrantes holandeses há quase 70 anos nos Campos Gerais do Paraná, a Cooperativa Castrolanda não trocava de presidente há 24 anos. Desde o início deste mês, no entanto, chegou a vez da terceira geração comandar os negócios da cooperativa de 1100 associados que em 2019 faturou R$ 3,5 bilhões com lácteos, carnes e cereais. Frans Borg passou o cargo de presidente do Conselho de Administração para Willem Bouwman, engenheiro-agrônomo de 53 anos cujos avós, tanto por parte de pai como de mãe, vieram da Holanda em 1951 na esperança de encontrar um país onde houvesse mais terras disponíveis para garantir o futuro dos filhos. As informações são de Marcos Tosi na Gazeta do Povo.

Com um terço do faturamento dos produtos suínos atrelado às exportações – até aqui em viés de crescimento – o novo gestor está atento e preocupado com o impacto do Coronavírus nos negócios. “A China não compra diretamente nossa carne suína, mas tem um peso muito grande no mercado internacional. Um menor crescimento econômico por lá pode repercutir muito na demanda global”, diz Bouwman, que acredita que ainda é cedo para revisar os planos de crescimento da cooperativa para este ano, entre 5% e 8%. O fato, reconhece ele, é que o Coronavírus deverá ter implicações para toda logística do comércio. A carne suína da marca Alegra –parceria das cooperativas Castrolanda, Frísia e Capal – chega atualmente a mais de 30 países.

Novo status sanitário
Até aqui, o cenário vinha se desenhando positivamente para a cooperativa paranaense, que atua também em municípios do sul de São Paulo. Em grande parte, por causa de um avanço sanitário: o provável reconhecimento oficial do Paraná como livre de febre aftosa, e sem vacinação, em 2021. O rebanho bovino é mais suscetível à doença, mas sua presença indica baixos padrões sanitários e acaba fechando os mercados para outras carnes. Com a conquista do status de área livre, a cooperativa faz planos para acessar mercados “prime” da carne suína, como o Japão, que segundo Bouwman, “ é um cliente estável e que paga de 10% a 15% mais pelo produto”. “O mercado externo vinha demandando muito forte pelos nossos produtos já industrializados”, salienta o executivo.

Na frente de obras, a Castrolanda acaba de concluir a construção de uma nova Unidade Produtora de Leitões (UPL), que agregará 200 mil novos animais por ano – mais do que o dobro da capacidade atual, de 150 mil leitões. O passivo de dejetos de suínos e descartes do processo de industrialização de carne e leite se tornará em breve um ativo: a empresa investe em dois biodigestores para transformar os rejeitos em energia, economizando 5% na conta de luz industrial.

A Cooperativa Castrolanda é fruto da segunda leva de imigrantes holandeses ao Paraná, nos anos 1950, que foram antecedidos pelos fundadores da Cooperativa Batavo, no início daquele século. Atualmente, os descendentes “dutch” representam apenas 25% do quadro de 1100 associados.  A maior parte do faturamento de R$ 3,5 em 2019 veio do setor de lácteos (31%), seguido da divisão agrícola (19%) e da unidade de carnes (18%). O restante das receitas está dividido em negócios com fertilizantes, rações, agroquímicos, sementes, lojas e grãos. No ano passado, a cooperativa teve um Ebtida de R$ 161 milhões e distribuiu aos cooperados R$ 39,6 milhões em “sobras”.