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Parlamentares do PR criticam Bolsonaro por vídeo de ato contra Congresso

O compartilhamento – pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – de vídeos de divulgação de um ato em apoio ao governo e em protesto contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal marcado para o próximo dia 15 repercutiu entre os parlamentares da bancada federal do Paraná. A maioria dos deputados e senadores que se manifestou publicamente criticou a atitude de Bolsonaro, apontando que ele estaria ajudando a insuflar a população contra o Legislativo e o Judiciário. Alguns aliados do presidente minimizaram o ato de Bolsonaro, defendendo as manifestações e negando que o protesto tenha caráter antidemocrático. As informações são do Bem Paraná.

A manifestação – que já havia sido marcada anteriormente em apoio ao governo Bolsonaro – ganharam novos contornos depois que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, foi flagrado acusando o Congresso de chantagear a atual administração federal, ao ameaçar derrubar um veto do presidente à destinação de R$ 30 bilhões do Orçamento de 2020 para emendas parlamentares. Transmissão ao vivo da presidência da República em cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio do Planalto, no último dia 18, captou a fala do general. “Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se”, disse ele. Heleno defendeu que o presidente deixasse claro à população que está sofrendo uma pressão e “não pode ficar acuado”.

Após a repercussão das declarações, parte dos apoiadores do presidente passaram a defender que os protestos do próximo dia 15 tivessem como alvo o Congresso e o STF. O compartilhamento de vídeos convocando os atos pelo presidente elevou o tom da polêmica.

“Convocar um ato contra o Congresso é um atentado ao povo, à democracia e à Constituição brasileira. É algo gravíssimo e com precedentes apenas no período sombrio da ditadura. Assim como o presidente, nós parlamentares fomos democraticamente eleitos e merecemos respeito”, comentou o deputado federal e ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB).

“Se confirmado, inédito da parte de um presidente e um caminho de confronto sem precedentes. Muito além de qualquer crítica por mais firme que pudesse ser contra o Congresso e STF. O silêncio e a omissão serão os piores caminhos”, avaliou o deputado federal e também ex-prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT).

O líder do PT na Câmara, deputado Ênio Verri, afirmou que é inadmissível que o presidente Bolsonaro defenda manifestação pedindo o fechamento do Congresso Nacional. “Ao convocar manifestação pedindo o fechamento do Congresso Nacional, Bolsonaro não deixa mais dúvidas quanto ao caráter autoritário e ditatorial. Suprimir a democracia é acabar com o direito que todo cidadão tem de expressar suas ideias e propor políticas para o País”, disse. “Toda a sociedade está sendo agredida e deve se levantar contra mais esse atentado cometido por Bolsonaro, que não tem qualificação para o cargo”, defendeu. Segundo ele, o PT, junto com outros partidos de oposição, “avalia quais providências adotar, tanto internamente na Câmara, como no STF”.

“Não podemos deixar as coisas como estão”, disse ele. “A frágil democracia brasileira tem, na sua Presidência, um incendiário autoritário que não consegue viver em democracia, com o pensamento divergente. A sociedade está inerte sob um governo autoritário que, se não houver reação, vai concentrar todos os Três Poderes”, criticou Verri.

O senador Alvaro Dias (Podemos) afirmou ser favorável à manutenção do veto do presidente e disse que a população tem todo o direito de criticar os parlamentares que não agem de acordo com o que ela pensa, mas afirmou ser contrário a protestos contra o Congresso como instituição. “Critiquem aqueles que merecem a crítica. A instituição não merece. Não cabe a ninguém, muito menos a um presidente da República estimular manifestações contra o Congresso. Porque trata-se de estimular manifestações contra a democracia. Nós não podemos concordar com isso”, disse Alvaro.

“Alvejar o Congresso Nacional é ferir de morte a democracia. Quando se ataca o Congresso Nacional como instituição compromete o processo democrático. O Congresso Nacional, o Parlamento, o Legislativo é uma instituição essencial ao Estado de Direito Democrático. Nós podemos e devemos criticar, atacar, denunciar e se necessário condenar parlamentares. Mas vamos distinguir bem. Nós que somos parlamentares somos passageiros eventuais, circunstanciais, episódicos. Nós somos substituíveis. O Parlamento como instituição essencial ao Estado de Direito Democrático é permanente, é definitivo, é insubstituível e tem que ser preservado”, avaliou o senador. “Não concordo com essa mobilização contra o Congresso. Acho que tem que ter uma pressão contra os parlamentares que não cumprem o seu dever. E preservar o Congresso Nacional. Não posso concordar com esse estímulo ao achincale do Congresso”, explicou.

“É dever de todos a começar das principais autoridades o respeito as instituições democráticas. Protestar é legítimo, agora autoridade que deveria respeitar e fazer respeitar a Constituição Federal, não”, afirmou o deputado federal Rubens Bueno (Cidadania).

Aliado de Bolsonaro, o deputado Filipe Barros (PSL) foi um dos poucos a sair em defesa do presidente. “Para barrar as mudanças promovidas pelo presidente mais popular da história querem fabricar impeachment com base em mensagem de zap. A nova esquerda não perde a chance de passar vergonha”, criticou ele, que compartilhou publicação de Bolsonaro que chamou de “tentativas rasteiras de tumultuar a República” as interpretações sobre ele ter compartilhado o vídeo.


“Tenho 35 milhões de seguidores em minhas mídias sociais (Facebook, Instagram, YouTube e Twitter) onde mantenho uma intensa agenda de notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. Já no WhatsApp tenho algumas poucas dezenas de amigos onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal”, afirmou Bolsonaro.

O deputado comparou a repercussão do caso ao episódio das manifestações de 26 de maio de 2019, contra as quais, segundo ele, “a nova esquerda em conluio com parcela da imprensa diziam que seriam manifestações “anti democráticas”. Acontece a mesmíssima estratégia agora. Eles querem impedir a população de ir às ruas apoiar o Presidente”, afirmou.

Também aliado de Bolsonaro, o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC), não chegou a defender, nem criticar o presidente por compartilhar os vídeos convocando a manifestação do dia 15. “Muitas pessoas perguntam se sou favorável ao fechamento do Congresso. Digo enfaticamente que não. Isso já ocorreu algumas vezes e a situação só piorou. O Congresso é instrumento da população e esta não pode abrir mão deste instrumento por causa de membros que não correspondem”, afirmou o parlamentar.