A cada 28 segundos, um motorista é multado em Curitiba. Conforme dados levantados pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) a pedido da reportagem, entre janeiro e outubro deste ano o próprio Detran e a Prefeitura de Curitiba (Setran e Guarda Municipal) emitiram um total de 929.182 autuações contra condutores e proprietários de veículos na Capital.
O número, embora chame a atenção, fica abaixo daquele verificado no mesmo período do ano passado, quando haviam sido aplicadas 1.003.823 multas nos primeiros 10 meses do ano. Isso significa que, em 2018, a média foi de uma autuação emitida a cada 26 segundos. Na comparação de 2018 com 2019, verifica-se ainda uma redução de 7,4% no número de multas aplicadas neste ano.
Dentre as infrações mais comuns de serem cometidas, o principal destaque é o desrespeito ao limite de velocidade das vias. Apenas neste ano, 227.272 motoristas foram autuados por transitar em velocidade superior á máxima permitira em até 20%. Outros 24.206 cometeram infração ainda mais grave, superando entre 20 e 50% a velocidade máxima.
O estacionamento irregular, que inclui seis tipos de infração diferentes, aparece na sequência, com um total de 177.435 multas aplicadas.
O que talvez mais chame a atenção, no entanto, é como ainda há motoristas que insistem em condutas perigosas como dirigir embriagado ou então segurando/manuseando o telefone celular. Entre janeiro e outubro deste ano, foram 42.947 motoristas flagrados dirigindo com o celular em mãos. Já o número de motoristas flagrados embriagados foi de 6.890 nesse mesmo período.
As infrações mais comuns em 2019
– Transitar em velocidade superior à máxima permitida 251.478
– Estacionamento irregular 177.435
– Deixar de efetuar registro do veículo em 30 dias, quandodo for transferida a propriedade 163.243
– Multa, por não identificação do condutor infrator, imposta a pessoa jurídica 74.712
– Dirigir ou permitir posse/condução do veículo a pessoa sem CNH/PPD/ACC ou com a carteira suspensa 55.638
‘Não temos uma cidadania madura’, diz especialista
Mais do que uma ‘indústria das multas’, os números indicam a existência de uma ‘indústria de infratores’ na Capital. Se pegar o número de habitantes da cidade e dividur pelo total de infrações aplicadas em 2019, por exemplo, chega-se à média de uma infração para cada par de habitantes. Mas é óbvio que o número de motoristas não é equivalente ao total da população, sendo, portanto, crível inferir que a média de multas por motorista seja ainda mais expressiva.
Em entrevista recente ao Podcast Bem Paraná, inclusive, Cassiano Ferreira Novo, especialista e mestre em Psicologia do Trânsito, abordou o tema ‘indústria da multa’. Eis o que disse o especialista: “Eu acredito que a gente tem um problema muito mais grave na indústria de infratores,pessoas que se comportarm de uma maneira à margem da lei, do que a própria indústria da multa”, afirmou Ferreira Novo. “(É preciso) Mostrar para a sociedade que enquanto não temos uma cidadania madura, precisamos desse sistema de fiscalização.“
Desrespeito à legislação eleva número de mortes
No primeiro semestre deste ano, o número de vidas perdidas no trânsito curitibano teve aumento de 28%, conforme dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). Nos primeiros seis meses deste ano foram registrados 2.993 acidentes na Capital com 32 mortes. No mesmo período do ano passado, haviam sido 2.849 acidentes e 25 óbitos. Segundo a unidade policial, o desrespeito às leis de trânsito e a imprudência dos motoristas são os principais fatores que explicam a elevação dos índices. “Investimos fortemente em educação no trânsito, mas, ainda assim, acompanhamos casos em que a imprudência e a negligência estão presentes na conduta das pessoas, ocasionando acidentes e tragédias familiares”, disse o porta-voz do BPTran, tenente Rafael Kowalski.
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