Depois de desbravar a região da Serra da Mantiqueira, jacutinga reintroduzida na natureza chama atenção ao se aproximar de um macho da mesma espécie.
Uma história muito interessante deixou os colaboradores do Parque das Aves muito felizes. Após ser reintroduzida na natureza pelo Projeto Jacutinga, da SAVE Brasil, a jacutinga (Aburria jacutinga) batizada de Mimi e nascida no Parque das Aves visitou o entorno do viveiro de reabilitação e despertou o interesse de um dos machos, Pluto, em processo de treinamento para ser inserido na natureza.
Essa é uma espécie que está praticamente extinta em algumas regiões da Mata Atlântica devido à caça e às alterações em seu habitat. Ela foi reintroduzida na natureza e desde então os momentos de Mimi em liberdade foram bem movimentados. A ave aventureira – que é monitorada pelos técnicos e voluntários – explorou a mata da região, cumprindo seu papel como dispersora de sementes, além de se deslocar por muitos quilômetros na sua região de soltura.
O fato que chamou atenção da equipe do projeto é que, mesmo se aventurando com frequência, a ave voltou ao viveiro de reabilitação, local onde aprimorou seus instintos. A equipe responsável frequentemente tem elementos que comprovam o sucesso da soltura, pois sinais do rádio transmissor informam diferentes locais por onde Mimi passa.
“A aproximação da Mimi com outros indivíduos da mesma espécie, indicando um possível pareamento futuro, traz ainda mais esperança para as ações deste programa já tão bem estruturado. Uma vez que ao parear-se com um macho de jacutinga, Mimi e Pluto poderão deixar novos descendentes que também irão se aventurar pela Mata Atlântica”, diz Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
O processo de reabilitação é grande, e durante meses as aves passam por uma ambientação no recinto de reabilitação. Ou seja, neste período as jacutingas aprimoram comportamentos naturais, como fugir de predadores, procurar seu próprio alimento e água, procurar locais para formar ninhos, entre outros. Essa soltura gradativa é chamada de “soft release”, e é uma etapa que requer muita dedicação, monitoramento diário e uma preparação de toda a equipe.
“Mimi sempre demonstrou ótimas habilidades nos treinos para reconhecimento de predadores, alimentar e de voo no viveiro de reabilitação do projeto. Após a soltura, não utilizou em nenhum momento a suplementação alimentar oferecida e no segundo dia já foi se aventurar por longas distâncias.
Demoramos mais de 30 dias para encontrá-la através dos sinais emitidos por seu transmissor e o reencontro não poderia ter sido mais feliz, lá estava Mimi linda e saudável sobre um cacho de coquinhos do palmito-juçara cumprindo seu papel como dispersora de sementes. De todas as solturas realizadas, ela foi sem dúvida o indivíduo mais bem-sucedido que apelidamos carinhosamente de jacutinga aventureira”, comenta Alecsandra Tassoni, coordenadora do Projeto Jacutinga.
Um nome de batismo curioso
Batizada com nome de “Mimi”, apelido de Michelly Correa, apresentadora de um programa de turismo paranaense que faz muitas viagens e é aventureira, a jacutinga que nasceu no Parque das Aves é bem parecida com a jornalista. A homenagem veio de Melissa Correa, irmã de Michelly e gerente de comunicação do Parque. “Ambas têm personalidades muito parecidas,
são observadoras, espontâneas e têm um espírito aventureiro”, comenta Melissa.
Sobre o Parque das Aves
Com 25 anos de atuação e 230 colaboradores, o Parque das Aves é a única instituição do mundo focada na conservação de aves da Mata Atlântica. Possui 16 hectares de mata restaurada, 1.400 aves de 140 espécies diferentes, com três viveiros de imersão e um borboletário.
O objetivo do Parque das Aves é atuar investindo significativamente para criar um impacto positivo para as aves da Mata Atlântica, principalmente as 120 espécies e subespécies em risco de extinção. O Parque das Aves recebe 830 mil visitantes por ano, sendo o atrativo mais visitado de Foz do Iguaçu depois das Cataratas.
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