O Valor Econômico traz uma edição especial sobre o Paraná e diz que o Estado é um ponto fora da curva e comemora um desempenho diferenciado na economia. “Temos uma economia diversificada, que se mostrou resiliente à recessão e capaz de possibilitar ao Paraná sair primeiro da crise”, diz a governadora Cida Borghetti ao repórter Domingos Zaparolli.
“Em 2017, enquanto o PIB brasileiro cresceu 1%, a expansão paranaense foi de 2,5%, depois de três anos seguidos de retração. O Estado encerrou o ano passado com PIB de R$ 415,8 bilhões, o equivalente a 6,35% da economia nacional”, aponta o jornal ao destacar ainda o recuo do desemprego e o aumento na rende per capita para R$ 1.476 mensais.
O bom resultado paranaense – adianta o presidente do Ipardes, Jullio Suzuki Junior – foi impulsionado pelos desempenhos do agronegócio e da indústria. O Estado é o maior produtor de carnes do país e o segundo de grãos. Em 2017, a produção agropecuária, responsável por 10% do PIB estadual, cresceu 11,5%, com safra recorde superior a 40 milhões de de grãos
Cida Borghetti disse ainda ao Valor que a estabilidade nas regras estaduais, o equilíbrio fiscal e a infraestrutura energética e logística paranaense transmitem segurança e atraem investimentos, o que impulsiona o crescimento estadual. “Garantimos um ambiente propício aos negócios e o investidor percebe”, afirma.
Leia a seguir a íntegra da reportagem
Fora da curva
Por Domingos Zaparolli
Valor Econômico
O Paraná comemora um desempenho diferenciado na economia. Em 2017, enquanto o PIB brasileiro cresceu 1%, a expansão paranaense foi de 2,5%, depois de três anos seguidos de retração. O Estado encerrou o ano passado com PIB de R$ 415,8 bilhões, o equivalente a 6,35% da economia nacional. Para 2018, a projeção do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) é de crescimento de 2% no PIB estadual.
A taxa de desemprego recuou para 8,3% no fim de 2017 e no primeiro quadrimestre de 2018 foram criadas 36.731 vagas no Estado – 1,43% mais do que no mesmo período do ano passado. No país, a quantidade de jovens entre 15 e 29 anos que nem trabalham nem estudam cresceu 6,7%. No Paraná, recuou 1,33%, para 447 mil pessoas nesta situação.
A renda média per capita domiciliar mensal do brasileiro caiu 1,1% em 2017, para R$ 1.217. Mas a do paranaense cresceu 2,2% e alcançou R$ 1.476 mensais. “Temos uma economia diversificada, que se mostrou resiliente à recessão e capaz de possibilitar ao Paraná sair primeiro da crise”, diz a governadora Cida Borghetti (PP).
Julio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Ipardes, diz que o bom resultado paranaense foi impulsionado pelos desempenhos do agronegócio e da indústria. O Estado é o maior produtor de carnes do país e o segundo de grãos. Em 2017, a produção agropecuária, responsável por 10% do PIB estadual, cresceu 11,5%, com safra recorde superior a 40 milhões de de grãos. “Com renda melhor, o produtor rural ampliou seu consumo e estimulou o comércio e os serviços”, diz.
A indústria, responsável por 25% da economia estadual, cresceu 4,4% em relação ao ano anterior. A boa safra agrícola gerou encomendas de tratores e colheitadeiras, ampliando os negócios no setor de máquinas e equipamentos em 33,6%. Outro utro bom desempenho foi do setor automobilístico. Cresceu 16,4%, em parte por conta do aumento de 55% nos embarques para a Argentina
“O ano de 2017 foi de recuperação após três anos de retração na atividade industrial. Mas agora vemos uma expansão nos diversos segmentos produtivos”, diz Paulo Pupo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). A expectativa da federação é de uma expansão de 2,5% da indústria em 2018. As exportações de bens de capital cresceram 9% nos primeiros cinco meses de 2018.
A cadeia metal mecânica, principalmente caminhões, tratores, máquinas e autopeças encontra mercado na América Latina. Também há expansão nos produtos de base florestal. A expectativa é exportar US$ 1,3 bilhão em chapas e madeira serrada para atender a construção civil nos Estados Unidos.
Nos cinco primeiros meses de 2018, as vendas internacionais de papel e celulose paranaenses ultrapassaram US$ 434 milhões, resultado obtido com a entrada em operação em 2016 da fábrica da Klabin em Ortigueira, um investimento de R$ 8,5 bilhões. No ano passado, as vendas de celulose no exterior geraram US$ 553,84. As exportações totais cresceram 19,2% e alcançaram US$ 18,08 bilhões – a metade, US$ 9,3 bilhões, veio da indústria. “Este ano a indústria vai superar US$ 10 bilhões em exportações”, diz.
Os indicadores fiscais da administração pública também são positivos. Em 2017 o superávit orçamentário foi de R$ 1,97 bilhão. O resultado foi o terceiro seguido, após o Estado ter terminado 2014 com déficit de R$ 3 bilhões em suas contas públicas. O ajuste fiscal que permitiu a sequência de superávits envolveu contenção de despesas e aumento nas tarifas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que subiram de 12% para 18%, e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que foi de 2,5% para 3,5%.
O ajuste fiscal restituiu a capacidade de investimento do Estado. Entre recursos orçamentários e verbas das estatais Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), o Paraná investiu R$ 12,59 bilhões no biênio 2016 e 2017. Para 2018, a previsão é investir R$ 8,4 bilhões – R$ 4,42 bilhões em recursos orçamentários e R$ 3,98 das estatais.
Do total de investimentos orçamentários, R$ 2,1 bilhões vão para infraestrutura e logística. Melhorias na malha rodoviária estão entre as prioridades. Para o Porto de Paranaguá estão previstos R$ 725 milhões de investimentos até 2020 – R$ 470 milhões para dragagem foram liberados este ano.
O Estado também quer por fim ao seu principal gargalo logístico, o acesso ao porto, hoje feito por rodovia ou por uma centenária descida ferroviária da serra entre Curitiba e Paranaguá, que não comporta o transporte de grandes comboios de vagões. A solução proposta pelo governo estadual é uma ferrovia de mil quilômetros ligando Dourados, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá. “Será o maior corredor logístico de alimentos do continente, transportando grãos e carnes dos dois Estados”, diz Silvio Barros, secretário de desenvolvimento urbano.
O custo é estimado em R$ 10 bilhões e a ideia do governo estadual é atrair investidores privados para o projeto, cujo edital de licitação está previsto para ser publicado no início de 2019. Já sob um novo governo. “É um projeto de Estado, não de governo. Quem ganhar as eleições terá interesse em manter”, diz Barros.
A governadora Cida Borghetti avalia que a estabilidade nas regras estaduais, o equilíbrio fiscal e a infraestrutura energética e logística paranaense transmitem segurança e atraem investimentos, o que impulsiona o crescimento estadual. “Garantimos um ambiente propício aos negócios e o investidor percebe”, afirma.
O Paraná contabiliza uma série de anúncios recentes de investimentos produtivos. Em abril, a Volkswagen anunciou um investimento de R$ 2 bilhões na expansão de sua fábrica em São José dos Pinhais. Caterpillar, Mondelez e Electrolux também programam expansão de suas unidades.
No final de 2017, a Renault anunciou a inversão de R$ 750 milhões na expansão e modernização de sua unidade de motores em São José dos Pinhais e em uma fábrica de injeção de alumínio para a produção de blocos e cabeçotes, que já entrou em operação em março. “O Paraná tem posição logística estratégica o que facilita as exportações para o Mercosul, além de mão de obra qualificada”, diz Marcus Vinicius Aguiar, diretor de relações institucionais da Renault.
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