Ademar Traiano
A Assembleia Legislativa do Paraná realizou, na última terça-feira, uma audiência pública sobre a necessidade de notificação compulsória do câncer e de estabelecer normas para garantir um diagnóstico rápido da doença.
Esta questão é urgente. As mortes causadas pelo câncer aumentaram 31% no Brasil nos últimos 15 anos. Só em 2015, 223,4 mil pessoas morreram vítimas da doença. Esse número representa o dobro das mortes causadas, no mesmo ano, pelo trânsito e pelos homicídios somados.
O avanço devastador do câncer é associado pelos especialistas ao envelhecimento da população, mudanças de estilo de vida, sedentarismo, dietas pouco saudáveis e poluição. Atualmente, a cada seis mortes no mundo uma é causada pelo câncer.
Os países em desenvolvimento como o Brasil são, segundo a Organização Mundial da Saúde, os que mais tem dificuldades para identificar e tratar os tumores em estágio inicial, quando eles são 100% curáveis, com baixo custo e menor sofrimento.
Campanhas de conscientização, como autoexame das mamas, da pele e o reconhecimento dos sintomas iniciais da doença são essenciais. O empenho do poder público é decisivo, mas o engajamento de entidades da sociedade também é fundamental.
A ação de organizações de voluntários que atuam no apoio aos pacientes de câncer é inestimável. Sua atuação no apoio e conforto dos doentes, garantindo alento e esperança, e o apoio que dão na batalha pelos medicamentos, é uma das missões que permitem ao ser humano mostrar o que tem de melhor.
Na audiência pública que a Assembleia fez nesta semana com a ONG Mão Amiga – Grupo Beltronense de Prevenção ao Câncer – e a FEMAMA – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, debatemos o que é possível fazer para prevenir, tratar e diminuir o sofrimento causado pelo câncer.
Alexsandra Bonato Cambruzzi, paciente com câncer de mama metastático HER2+, fez um relato emocionante sobre o calvário que viveu desde que recebeu o diagnóstico. Relatou orientações médicas conflitantes e a dura luta na Justiça para garantir o tratamento com o Trastuzumabe, um medicamento essencial para a remissão da doença.
Juceney Terezinha da Caz, presidente da Mão Amiga, destacou a necessidade da adoção do registro compulsório da doença, até como forma de auxiliar no planejamento do tratamento e dos serviços a serem oferecidos pela rede hospitalar especializada.
Sua posição apoiada por Alcides Augusto Souto de Oliveira, representante da Sociedade Brasileira de Registro do Câncer, que expôs toda a urgência do registro compulsório do câncer.
O médico oncologista Vinicius Budell, que representou a Secretaria de Estado da Saúde no evento, abordou a importância da terapia genética – ainda não disponível pelo SUS, nem pelo serviço privado no Brasil – para a adoção de medidas preventivas e de tratamentos mais adequados às características de cada paciente.
A defensora pública federal Carolina Balbinott Bubhak falou sobre os direitos dos cidadãos na área da saúde, e o drama da falta de oferta de medicamentos mesmo quando há decisões judiciais favoráveis aos pacientes e a necessidade da coleta e atualização de dados para a formular políticas públicas.
Essa é uma batalha que vale a pena participar. Não há luta mais importante que a luta pela vida. Vivi o drama do câncer. Conheço o sofrimento provocado por essa doença, que vitimou minha mulher. Estou sempre pronto a apoiar e participar desta luta.
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