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Cida Borghetti quer PSD de Ratinho Jr na base aliada

Cida Borghetti quer PSD de Ratinho Jr na base aliada

O líder do governo Cida Borghetti na Assembleia Legislativa, deputado Pedro Lupion (DEM), garantiu ontem que pretende manter a bancada do PSD do deputado e pré-candidato à sucessão estadual, Ratinho Júnior, na base de apoio. Segundo Lupion, a intenção da liderança é separar a questão da governabilidade da disputa eleitoral. As informações são de Ivan Santos no Bem Paraná.

A dúvida surgiu depois que circulou a informação entre os próprios deputados do PSD, segundo a qual quem não apoiasse a candidatura à reeleição de Cida Borghetti seria considerado automaticamente como sendo oposição. Isso significaria, inclusive, a perda de cargos no governo indicados por esses parlamentares. Antes mesmo da posse de Cida, que assumiu o comando do Palácio Iguaçu na última sexta-feira após a renúncia do governador Beto Richa (PSDB) para disputar a eleição para o Senado, o deputado Hussein Bakri garantiu que não partiria da bancada do PSD a decisão de romper com o novo governo e ir para a oposição. Mas que os deputados do partido cobram tratamento igualitário.

“Os deputados do PSD estavam na base do governo Beto Richa. Não tem por que não estarem na base do novo governo”, afirmou ontem Lupion. “Tenho conversado diariamente com os deputados do PSD. A questão eleitoral não deve atrapalhar a condução do governo”, explicou o novo líder governista, que substituiu o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB), líder do governo Richa desde 2015.

Janela – A questão é importante porque o PSD tem a maior bancada da Assembleia, com 11 deputados. E compõem um bloco com o PSC, antigo partido de Ratinho Jr, com seis. Durante a “janela partidária” – período no qual os deputados puderam mudar de partido sem o risco de perder o mandato – e que se encerrou no último sábado, o PSD atraiu três deputados: Ademir Bier, que era do PMDB; Mauro Moraes e Francisco Bührer, que deixaram o PSDB. O PSC filiou a deputada Mara Lima, que deixou o PSDB. Com isso, o bloco passou a ser ainda mais importante para garantir o apoio necessário para os projetos do novo governo na Casa.

Já o PP da nova governadora atraiu a filiação do deputado Luiz Carlos Martins, que deixou o PSD de Ratinho Jr. A tensão entre os grupos de Cida Borghetti e do deputado do PSD vêm crescendo desde o final do ano passado, quando circulou a informação de que o então ministro da Saúde e deputado federal Ricardo Barros (PP) – marido da governadora – estaria tentando “esvaziar” a pré-candidatura de Ratinho Jr, atraindo apoios para a pré-candidatura de Cida.

Lupion garante que o governo está interessado em manter bom relacionamento com o bloco de Ratinho Jr. Até porque, lembra ele, pela legislação eleitoral, as convenções partidárias que vão definir candidaturas e alianças só vão acontecer em meados de agosto. “A gente não sabe como as coisas vão ficar em outubro”, aponta.

‘Reajuste é especulação’, diz Lupion

A informação de que a governadora Cida Borghetti (PP) poderia conceder algum reajuste salarial para os servidores públicos agitou ontem os bastidores da Assembleia Legislativa. A questão foi levantada pelo líder da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado estadual Nereu Moura, durante audiência pública com representantes de entidades de classe de policiais militares e civis para discutir a retomada da data-base do funcionalismo público, congelada pelo governo Beto Richa até 2019.

Segundo Moura, estariam circulando “nos corredores da Assembleia” comentários de que a nova governadora estuda uma forma de dar reajuste aos servidores com forma de iniciar a gestão com uma “agenda positiva”, impulsionando sua pré-candidatura à reeleição.

O líder do novo governo na Assembleia, deputado Pedro Lupion, porém, desconversou. “É especulação”, disse, garantindo que não há nada oficial. “É um governo de continuidade. O reajuste é uma definição que tem impacto direto na folha de pagamento e nas finanças estaduais. Não dá simplesmente para virar a página e começar um plano novo”, disse Lupion, afirmando que a disposição de Cida é de estabelecer uma relação de diálogo com o funcionalismo.

Limite – Segundo um deputado de oposição, a governadora pode até conceder algum índice porcentual de reposição salarial aos servidores, mas dentro de uma margem estreita. É que uma lei proposta por Richa e aprovada pela Assembleia no ano passado instituiu o chamado “teto de gastos”, que limita o aumento das despesas do governo em 2018 e 2019 ao índice da inflação acumulada no ano. Como os gastos têm um aumento vegetativo anual de mais de um ponto porcentual, não haveria margem para repor a inflação, que no ano passado ficou pouco abaixo de 3%.

Uma das mudanças promovidas por Cida Borghetti foi a saída de Mauro Ricardo Costa do comando da Secretaria de Estado da Fazenda. Costa ocupava o cargo desde o final de 2014, quando o governo Richa iniciou o ajuste fiscal, com aumento de impostos e corte de benefícios de servidores, além do uso de recursos do fundo de previdência do funcionalismo para reforçar o caixa do Estado. O ex-secretário era apontado justamente como principal mentor da política de congelamento dos salários dos servidores.