João Doria, prefeito de São Paulo, disse uma platitude: “O povo é quem deveria escolher o candidato do PSDB à presidência da República”. E o que ele disse foi tomado como um desafio ao governador Geraldo Alckmin, aspirante a candidato pelo PSDB à vaga do presidente Michel Temer.
Não deixou de ser nem uma platitude e nem um desafio. Alckmin defende que o PSDB escolha seu candidato mediante a realização de prévias. Votariam apenas os filiados ao partido, algo como 200 mil, se tanto. Doria defende que o candidato seja aquele melhor colocado nas pesquisas eleitorais até o início do próximo ano.
Qualquer forma de escolha pode valer a pena, mas Alckmin e Doria preferem a que melhor lhes convém. Natural. Alckmin acredita na força que tem dentro da máquina do PSDB. A força de Doria está mais fora do que dentro da máquina. Seu índice de intenção de votos nas pesquisas é bem maior do que o de Alckmin.
Doria se elegeu prefeito em dois tempos. No primeiro, quando venceu as prévias do partido. No segundo, quando derrotou seus adversários direto no primeiro turno. Foi o único prefeito de São Paulo a se eleger sem precisar disputar o segundo turno. Respeita Alckmin e só se refere a ele com carinho. Mas não o vê como credor do seu sucesso.
A propósito, lembra do dia em que se apresentou a Alckmin e revelou seu desejo de disputar as prévias que indicariam o candidato do PSDB a prefeito. Na ocasião, ouviu dele: “Acho boa a ideia. Mas você só será o meu candidato a prefeito se vencer as prévias”. Doria caminhou com as próprias pernas. E desde então tem sido assim.
Ele aposta na capacidade de a vontade popular levar o PSDB a escolhê-lo como candidato a presidente, mas não descuida do trabalho de se articular internamente e de buscar apoio de outros partidos. Admite que, hoje, o candidato do PSDB seria Alckmin. Mas acha que a situação poderá mudar até dezembro.
E se não mudar? Concorrerá à presidência por outro partido? Doria não descarta a hipótese, mas a princípio não a deseja. Filiado ao PSDB desde 2001, filiado está. A não ser candidato a presidente, seguirá prefeito. O paulista aceita que ele deixe a prefeitura pelo Palácio do Planalto. Pelo Palácio dos Bandeirantes, não.
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