A decisão do governo federal de privatizar a Eletrobrás faz parte de um movimento que começa a se espalhar pelo Brasil inteiro. Com arrecadação em baixa e despesas em alta, Estados e municípios têm enxergado na venda de ativos uma forma de reforçar o caixa e diminuir os efeitos da crise fiscal. Essa “nova onda” de privatização pode render a esses governos quase R$ 80 bilhões, segundo levantamento feito pelo ‘Estado’ com base em informações de bancos, consultorias e mercado. As informações são de Renée Pereira e Mônica Scaramuzzo no Estadão.O valor inclui apenas a venda dos negócios de energia elétrica, gás natural, saneamento básico e iluminação pública. Na lista de empreendimentos que podem mudar de mãos estão ativos das empresas estaduais de energia elétrica, como a Cesp, distribuidoras de gás, empresas de saneamento básico e serviços de iluminação pública.
O movimento coincide com a grave crise financeira enfrentada por Estados e municípios. Sem dinheiro nem para pagar os salários do funcionalismo, como é o caso do Rio de Janeiro, a privatização de estatais, em muitos casos, foi a alternativa que restou para colocar algum dinheiro no caixa.
“A crise fiscal aguda do País e a perda de resistência em relação às privatizações reforçam esse movimento de venda de ativos”, afirma Gesner Oliveira, sócio da GO Associados. Além disso, diz, os últimos 15 anos mostraram uma enorme deficiência das estatais na capacidade de investimentos e no potencial de melhorar o nível de governança das empresas, que vêm sendo sistematicamente envolvidas em inúmeros escândalos de corrupção. “O Estado empresário tem se mostrado muito ineficiente.”
Mas nem tudo deve ser vendido nesse movimento de privatização. Os setores de saneamento básico e distribuição de gás, por exemplo, ainda precisam se estruturar melhor para transformar o interesse de investidores em negócios. Nesses casos, o BNDES tem ajudado na estruturação.
Investidores nacionais e estrangeiros já vêm demonstrando interesse em fazer estudos e auditorias nos ativos à venda. Entre esses investidores, há gigantes como a canadense Brookfield, as chinesas State Grid, CTG e CCCC e grupos nacionais, como a Equatorial e a gestora Vinci Partners, além de fundos de investimentos.
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