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Gleisi defende a volta do que deu errado, por Maílson da Nóbrega

 

gleisiEm entrevista ao Valor, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, disse que não admite dialogar com Michel Temer ou Rodrigo Maia. Desautorizou, pois, rumores de que o partido estaria em conversas para apoiar Maia em sua eventual pretensão de assumir definitivamente a chefia do governo, caso Temer tivesse seu mandato interrompido. Para a senadora, a possibilidade de diálogo somente seria possível se “Maia recuasse da agenda econômica” que o faz cotado para assumir a presidência. “Teria que retirar a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e refazer a votação da PEC do teto dos gastos”.

Gleisi atribui os problemas do governo Dilma à mudança no Ministério da Fazenda. “O principal erro foi em 2015, quando Joaquim Levy assumiu e começou uma política de restrição orçamentária e de austeridade”. Na verdade, os problemas legados por Dilma decorreram de erros de gestão, principalmente a orientação intervencionista da Nova Matriz Econômica. Daí vieram as enormes transferências de recursos do Tesouro para o BNDES (cerca de 10% do PIB) e o consequente aumento da relação dívida/PIB, que é o principal indicador de solvência do setor público.

Para disfarçar as estatísticas, o governo recorreu às pedaladas fiscais, o que terminou, ironicamente, por ser a causa da abertura do processo deimpeachment de Dilma. Joaquim Levy na realidade iniciou a correção desse e de outros monumentais erros da presidente.

A política econômica de Dilma foi um desastre: inflação de dois dígitos, redução da taxa de investimento, queda do potencial de crescimento econômico, a maior recessão da história, 14 milhões de desempregados e perda da classificação de grau de investimento.

O governo jamais atenderia o pedido da senadora para suspender a reforma trabalhista e revogar o teto de gastos. São essas mudanças que restauraram a confiança dos agentes econômicos e devem reverter em alguns anos a infeliz política fiscal do PT. Sem elas, a relação dívida/PIB entraria em trajetória explosiva, o que nos levaria à insolvência. O calote retiraria o poder do Banco Central de assegurar a estabilidade da moeda. A inflação sairia rapidamente de controle.

O maior êxito do atual governo foi a redução da inflação e, assim, da taxa de juros. Reduziu-se drasticamente a corrosão inflacionária dos salários, beneficiando especialmente os segmentos menos favorecidos da classe trabalhadora. Esse êxito deve-se à percepção de que as reformas seriam aprovadas e à competência da nova diretoria do Banco Central.

Ao defender o fim das reformas e do teto de gastos, a senadora prega o retorno da política econômica de Dilma, que é a fonte básica das penúrias econômicas e sociais que nos afligem desde 2015, o que felizmente começou a ser revertido. Pode?