Isadora Peron, da Agência Estado, conversou com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto, sobre a proposta de implantar no Brasil o sistema de Lista Fechada. Na entrevista, o especialista engrossou as críticas ao modelo, no qual o eleitor vota no partido, e não diretamente em um candidato para ocupar as vagas do Legislativo.
Sobre o tema, o ex-ministro afirmou que a mudança do sistema fere o artigo da Constituição que diz que “todo poder emana do povo”. “Pela lista fechada, o candidato vai ficar situado entre o eleitor e o partido, isso não é soberania popular, é soberania partidária. Se você colocar o partido como representante do povo, você substitui a democracia pela ‘partidocracia'”, disse.
Para Ayres Britto, o modelo vai fortalecer o “caciquismo”, isto é, vai dar mais poder aos dirigentes das legendas, que seriam os responsáveis por definir quais nomes encabeçariam a lista e, portanto, teriam mais chances de ser eleitos. “O voto em lista fechada, além de reforçar o caciquismo partidário brasileiro, que é um dos nossos pontos de fragilidade estrutural, é inconstitucional. Para mim, quando a Constituição diz que o voto é direto, secreto e universal, ela diz que o voto é no candidato, não no partido.”
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