Ucho Haddad
A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de soltar o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva está provocando reações em todo o País. A reação mais articulada vem da capital paranaense, sede da Operação Lava-Jato e da “República de Curitiba”, temida por Lula. A medida de Toffoli provoca o receio de que se possa fragilizar a Lava-Jato e todo o processo de combate à corrupção em curso no Brasil.
O lançamento de mais um livro sobre o juiz Sérgio Moro, na quarta-feira (29), no Shopping Pátio Batel, transformou-se em palco para manifestações de inconformismo com a decisão de Toffoli. O ex-ministro de Lula (Planejamento) e de Dilma (Comunicações), já investigado em outros inquéritos da Lava-Jato, é acusado na Operação Custo Brasil de um crime repulsivo: participar de um esquema para lesar aposentados endividados.
Uma das manifestações contra a decisão de Toffoli foi comandada por Rafaela Pilagallo, militante e musa do movimento anticorrupção e de apoio à Lava-Jato, “Mais Brasil Eu Acredito”. As mulheres do “Mais Brasil” aproveitaram o evento (que teve a presença do juiz Sérgio Moro) para lançar a “Operação Lava Toga”, uma paráfrase a Lava-Jato, que pretende questionar, com manifestações públicas, decisões de setores do Judiciário sistematicamente favoráveis ao PT.
Durante o evento, Rafaela Pilagallo questionou o delegado Algacir Mikalovski, presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal, sobre se a decisão de Toffoli enfraqueceria a Lava-Jato, abrindo um perigoso precedente. Mikalovski disse que a comunidade jurídica e as instituições que trabalham na operação esperam que a lei continue sendo cumprida, igualmente para todos.
Mikalovski destacou que as decisões tomadas pela Justiça Federal do Paraná foram muito bem fundamentadas e que os recursos em cortes supremas não prosperaram. Afirmou, no entanto, que é muito preocupante quando tribunais superiores acabam flexibilizando a Lei Penal, especialmente com relação a recursos. A expectativa é que a Lava-Jato não tenha prejuízos em função dessas decisões.
A decisão de Toffoli de soltar Paulo Bernardo, que agora, em liberdade, poderia eliminar indícios ou eventuais provas de sua participação no esquema que lesou milhões de aposentados, foi saudado com uma gargalhada por Gleisi Hoffmann, na Comissão de Impeachment no Senado. Provocando revolta geral. A decisão de Toffoli também foi interpretada como possível início de uma contraofensiva contra o saneamento ético promovido pela Lava-Jato.
A mulheres do “Mais Brasil”, que encabeçam a “Operação Lava Toga”, já estiveram na linha de frente do impeachment, em ações importantes que colocaram o PT em diversas saias justas, mandaram um recado ao Supremo: “STF: Aplique a lei como deve ser”. A manifestação aconteceu durante o lançamento do livro: “Sérgio Moro – A história do homem por trás da operação que mudou o Brasil”, da jornalista Joice Hassellmann.
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