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Moreira Franco ataca ajustes de Dilma

Moreira Franco ataca ajustes de Dilma

Ligado ao vice-presidente Michel Temer, o presidente da Fundação Ulisses Guimarães, Moreira Franco, em artigo publicado na imprensa nesta segunda-feira, 5, atacou a política econômica da presidente Dilma Rousseff (PT), da qual já foi ministro de Assuntos Estratégicos. “A desconexão entre as políticas monetária, fiscal e cambial causa um inestimável custo para o País, que só será possível medir no médio e longo prazos. Suas consequências influenciarão no tempo que a economia levará para retomar uma trajetória de normalidade e crescimento”, diz Franco no artigo postado no site do PMDB.

“Hoje, temos forte desconfiança, expectativa de mais desemprego, juros com tendência de alta, dólar rondando a barreira de R$ 4, destruição da imagem internacional do Brasil a partir do rebaixamento, além de empresas vendo seu valor de mercado evaporar nas bolsas de valores, aqui e lá fora”, continua. Leia a seguir seu artigo na íntegra..

A insegurança destruiu a credibilidade

Moreira Franco

A desconexão entre as políticas monetária, fiscal e cambial causa um inestimável custo para o País, que só será possível medir no médio e longo prazos. Suas consequências influenciarão no tempo que a economia levará para retomar uma trajetória de normalidade e crescimento.

Hoje, temos forte desconfiança, expectativa de mais desemprego, juros com tendência de alta, dólar rondando a barreira de R$ 4, destruição da imagem internacional do Brasil a partir do rebaixamento, além de empresas vendo seu valor de mercado evaporar nas bolsas de valores, aqui e lá fora.

O dólar situado acima dessa barreira simbólica é o custo que o Brasil paga por tolerar o aumento paulatino da inflação, os desequilíbrios fiscais ocasionados por desonerações tributárias e mudanças contínuas em alíquotas e isenções, mais a estratégia equivocada de camuflar gastos e adotar um rombo fiscal no Orçamento de 2016.

Esse conjunto da obra adicionou imprevisibilidade a uma economia até então estabilizada e nos trouxe à atual situação das contas do setor público — governo central, estados, municípios e estatais. Elas fecharam em agosto com déficit nominal de R$ 339,4 bilhões, ou 8,87 % do PIB, e em 12 meses chegaram a 9,21% do PIB (R$ 528,3 bilhões), pior resultado desde 2001.

Além disso, desde 2014, quando o Banco Central dos Estados Unidos sinalizou que iria aumentar a taxa de juros, até agosto de 2015, o BC brasileiro já gastou R$ 111,66 bilhões no programa de swaps cambiais para compensar a depreciação do real. Em setembro, a perda era de R$ 44,9 bilhões até o dia 25.

E o que é pior, o dólar alto não favoreceu significativamente a produção industrial. Nossos manufaturados obtiveram um crescimento de apenas 2,4 pontos percentuais dentro do total das exportações de janeiro a setembro em comparação ao mesmo período de 2014.

A disparada do dólar remete às crises cambiais dos anos 1990, iniciadas no México em 1994, da Ásia em 1997, Rússia em 1998, até chegar ao Brasil, em 1999. Essas diziam respeito a fortes desvalorizações das moedas locais em razão da incapacidade de honrar compromissos externos num sistema de câmbio fixo.

A que o Brasil vive hoje não se origina dos mesmos fundamentos, mas das incertezas sobre a capacidade política do governo de fazer o ajuste fiscal. Decorrente do ambiente político, a insegurança destruiu a credibilidade do poder central para sanar um descontrole fiscal que se agrava pelos swaps cambiais e pelos mais altos juros do mundo.

A história nos ensina que apenas a política cambial mantida pelo Banco Central, realizando leilões e jogando nossas reservas internacionais no mercado interno, não é capaz para estancar a paralisante volatilidade do dólar. Já vimos isso em nosso passado recente.

É preciso combinar políticas cambial, monetária e fiscal para obter resultados efetivos e a economia voltar a se recuperar. É preciso ainda, restabelecer a segurança de que haverá coordenação entre as políticas macroeconômicas e no campo político.

Sem isso, não vamos melhorar a gestão das contas públicas e o ambiente de negócios, coordenando instrumentos macroeconômicos (políticas fiscal, monetária e cambial) e de competitividade (políticas industrial, comercial e tecnológica), e aperfeiçoando as estruturas de incentivo aos setores de infraestrutura e logística. Continuaremos regredindo.

Moreira Franco é presidente da Fundação Ulisses Guimarães