O dólar subiu pelo terceiro dia seguido, atingindo o patamar inédito em 12 anos de R$ 3,34, e a Bolsa teve a pior semana do ano com as incertezas crescentes em relação ao rumo da economia e à crise política no país. Diante da alta acentuada do dólar, que pressiona os preços nos próximos meses, os analistas do mercado de capitais veem mais aumento nos juros ainda neste ano e uma maior intervenção do Banco Central no câmbio.O dólar à vista (referência no mercado financeiro) teve alta 1,6% e fechou em R$ 3,341. É a maior cotação nominal desde 28 de março de 2003, quando estava em R$ 3,375 (seria hoje R$ 5,285, atualizado pelas inflações no Brasil e nos EUA). Na semana, a moeda subiu 4,82%. No câmbio comercial, usado no comércio exterior, o dólar subiu 1,57%, para R$ 3,348. As informações são da Folha de S. Paulo.
O pessimismo contaminou também a Bolsa brasileira, que teve baixa de 5,91% na semana no Ibovespa, o principal termômetro dos negócios com ações no país. Foi a segunda perda semanal seguida e a mais acentuada desde o recuo de 7,68% na segunda semana de dezembro. A alta do dólar e a queda na Bolsa refletem as preocupações depois que o governo reduziu a meta de superavit primário em 2015 e nos próximos dois anos, devido às dificuldades da economia. Neste ano, admite a possibilidade de haver deficit (por causa da queda na arrecadação), o que pode compromete a manutenção do grau de investimento, selo de bom pagador, concedido pelas agências de risco.
Os analistas discutem se o Banco Central manterá o sangue-frio diante da disparada do dólar e continuará reduzindo a oferta de títulos que cobrem a variação cambial. No mercado de juros, as taxas para janeiro de 2016, que refletem o que ocorrerá ainda neste ano, saltaram nesta sexta (24) de 14,10% para 14,29%. Com isso, o mercado dá como certo, pelo menos, mais duas altas de 0,25 ponto (ou uma de 0,5 ponto) neste ano na taxa Selic, hoje em 13,75%. Há uma semana, a taxa estava em 14,02%.
Os juros para janeiro de 2019, primeiro ano do novo governo, subiram menos: de 13,07% para 13,15%.Nesta sexta, Luiz Awazu, diretor do BC, sinalizou que haverá alta de juros na reunião do Copom na semana que vem (leia texto abaixo). A perspectiva de aumento da dívida pública eleva o risco de o país perder o grau de investimento. “A perda mudará a visão dos estrangeiros em relação ao Brasil, e muito dinheiro deixará de ser investido por aqui”, disse Fabiano Rufato, gerente de câmbio da Western Union no Brasil.
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