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Levy Fidelix: homofobia bancada com dinheiro público

Levy Fidelix: homofobia bancada com o dinheiro público

por Piero Locatelli, na Carta Capital

Até esta segunda-feira 29, Levy Fidelix (PRTB) era uma piada inofensiva. Era só o baixinho bigodudo que repetia uma única proposta: a do aerotrem, um monotrilho que percorreria a capital paulista, o estado e até o Brasil. A insistente presença de Levy em todos os debates deste ano entre os candidatos à presidência da República se deve à eleição de um único deputado federal pelo partido em 2010 (o carioca Áureo, hoje no Solidariedade). Com esta vitória, as emissoras foram obrigadas a chamá-lo para todos estes encontros.

Após a derrota em dez eleições, a piada finalmente perdeu a graça durante o debate entre os candidatos à presidência da República organizado pela Rede Record. Ao responder uma pergunta sobre a união de casais do mesmo sexo, feito por Luciana Genro (PSOL), Levy Fidelix fez uma série de afirmações homofóbicas.

Em duas falas, o candidato disse que “aparelho excretor não reproduz”, falou da necessidade de “enfrentar” essa minoria, questionou que “dois iguais não se reproduzem” e propagou a diminuição do tamanho da população com o “estímulo” a homossexualidade. O candidato ainda chegou a ligar a homossexualidade à pedofilia, quando disse concordar com a atitude do Papa Francisco de expurgar padres pedófilos da Igreja. Desta forma, a antiga piada inofensiva finalmente perdia a graça.

Levy não representa ninguém, o que é claro na sua incapacidade de conseguir qualquer votação expressiva após dez eleições a cargos como prefeito, governador e presidente. Apesar da falta de respaldo, o candidato é beneficiado pelo dinheiro do fundo partidário. Desde 1996, foram 6,1 milhões de reais entregues ao PRTB de Levy. Além disso, a sigla também é ajudada com espaço gratuito na televisão, comprado pelo governo, e com o rateio de multas da Justiça Eleitoral.

O candidato também sofre diversas suspeitas. Aliados de Levy já afirmaram que ele cobraria 400 mil reais de quem quer se desfiliar do partido e de manipular as eleições do partido, em que sempre foi o presidente. Ele também foi acusado de envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que citava seu nome em escutas feitas pela Polícia Federal. Segundo as investigações, o PRTB era um dos alvos de Cachoeira, que buscava “comprar” um partido. Levy nega todas as acusações e se mostrou indignado ao ser questionado sobre essas denúncias no debate organizado pelo SBT e pela Folha de S.Paulo.

Iniciativas que acabariam com o repasse de dinheiro ao PRTB chegaram a ser aprovadas, mas acabaram rejeitadas – como a cláusula de barreira que acabaria com o repasse do fundo partidário aos chamados nanicos, barrada pelo Supremo Tribunal Federal.

Por fim, a postura de Levy nesta segunda-feira escancara duas coisas. Uma delas é a existência de diversos partidos, 32 atualmente, que pouco ou ninguém representam. A outra é a necessidade de criminalizar posturas homofóbicas como esta.