A economia feita por todo o setor público no primeiro semestre deste ano para pagar os juros da dívida pública registrou o pior desempenho da série histórica iniciada em 2002, informou ontem o Banco Central. O chamado superávit primário do setor público consolidado ficou 43,67% abaixo do registrado nos primeiros seis meses de 2013.
O esforço fiscal conjunto de governo federal, Banco Central, INSS, Estados, municípios e empresas estatais somou R$ 29,38 bilhões neste período, ou 1,17% do PIB – no mesmo período de 2013, o superávit havia somado R$ 52,1 bilhões, ou 2,23% do PIB. As informações são da Gazeta do Povo.
Em junho, o setor público consolidado apresentou déficit primário de R$ 2,1 bilhões, também o pior resultado para o mês. Até então, não havia sido registrado resultado negativo nos meses de junho – em maio, a conta havia sido negativa em R$ 11,046 bilhões.
Mesmo com o mau desempenho, o Banco Central manteve o discurso de que a política fiscal segue para o campo da neutralidade. Questionado se os números ruins mudavam a visão da instituição do impacto fiscal na política monetária, o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, afirmou que “o relevante é o impulso fiscal e nesse sentido o BC vem mencionando que caminha para a neutralidade.”
Maciel admitiu, porém, que após os déficits primários de maio e junho será necessário um esforço maior do governo para atingir a meta de 1,9% do PIB até o fim do ano. Mas tentou adotar um tom mais tranquilizador ao garantir que o impulso fiscal “converge” para um ritmo que vai colaborar com o combate à inflação. “Esses resultados refletem evolução de receitas e despesas. A desaceleração de receitas reflete impacto das desonerações”, disse.
“A estimativa da Receita Federal é de que as desonerações tenham impacto de R$ 50 bilhões. Parte do resultado também reflete moderação da atividade”, completou Maciel.
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