Moradores de Quedas do Iguaçu, no Centro-Sul do estado, fizeram ontem uma nova manifestação para cobrar das autoridades à reintegração de posse da área da empresa Araupel ocupada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no dia 17 de julho. Os populares fizeram duas grandes manifestações para chamar a atenção dos governos. A primeira ocorreu na praça central de Quedas do Iguaçu e reuniu mais de duas mil pessoas. No local ocorreu uma celebração religiosa e houve discursos inflamados contra a ocupação.
No início da tarde, os manifestantes lotaram 40 ônibus e dezenas de carros e se dirigiram até a cidade de Nova Laranjeiras, distante 60 km, onde realizaram um novo protesto, desta vez às margens da BR-277. Com bandeiras brancas, faixas e cartazes, eles abordaram os motoristas que passavam pela rodovia e entregavam panfletos mostrando a indignação da cidade com a ocupação. O comércio de Quedas do Iguaçu, destaca a Gazeta do Povo, fechou durante todo o dia e a prefeitura decretou ponto facultativo.
Os manifestantes pretendiam fazer o protesto no pedágio, mas a Ecocataratas, concessionária que administra a rodovia, conseguiu na Justiça um interdito proibitório impedindo o fechamento da praça. A manifestação pacífica ocorreu, então, às margens da rodovia em Nova Laranjeiras. Segundo estimativas da Polícia Militar participaram do ato 2,3 mil pessoas.
Tarso Giacomet, diretor da Araupel, afirmou que o que a empresa tinha de fazer pelo MST já fez há quase duas décadas, quando dois terços das terras foram desapropriados para reforma agrária. “A Araupel não negocia um milímetro quadrado de terra a mais”, declarou. Segundo ele, nem todos os acampados são da região e há pessoas de vários estados e até argentinos infiltrados no acampamento. Ele cobra das autoridades uma solução para o caso. “Quem armou a bomba não fomos nós. Quem armou, que desarme”, afirma.
Integrante da Comissão Pró-Emprego, entidade criada para defender a permanência da Araupel, José Carlos Moreira Pinto disse que a população está aterrorizada. “Se houver uma paralisação das atividades da empresa isso acarretará sérios danos à cidade e à região”, afirma. O comerciante Antonio Alexandre fechou seu estabelecimento para participar da manifestação. Para ele, se a Araupel deixar a cidade será instalado o caos em toda a região.
Giacomet disse que não há possibilidade alguma de a empresa ceder mais uma área para reforma agrária. Segundo ele, o que poderia ser feito pelo movimento social já foi feito, por a Araupel ter desapropriada dois terços de suas terras. Lideranças de Quedas do Iguaçu prometem, caso não haja a reintegração de posse, realizar nova manifestação em frente do Palácio Iguaçu, em Curitiba.
O MST não comentou sobre a manifestação, mas afirmou que vai exigir do Incra a desapropriação da área da Araupel entre Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu.
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