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Após pedido de prisão, Tesouro libera verba ao governo do Paraná

Após pedido de prisão,  Tesouro libera verba  ao governo do Paraná

Folha de S. Paulo

Dois dias depois de pedir a prisão do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, pela retenção de um empréstimo ao Estado, o governo do Paraná teve acesso, nesta quinta (3), a R$ 816 milhões do Proinveste (Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal), do BNDES. A liberação do dinheiro foi ordenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) três vezes neste ano, mas ainda não havia sido cumprida.

Na terça-feira (1º), o Estado do Paraná, que acusa o Tesouro Nacional de “perseguição política”, pediu ao STF a prisão de Augustin e do subsecretário do Tesouro, Eduardo Guerra, por crime de desobediência diante da demora na liberação do dinheiro.

“Infelizmente, o Estado teve que tomar essa medida. Mas tiveram juízo, finalmente”, disse o procurador Sergio Botto de Lacerda.

O Estado do Paraná deve cerca de R$ 270 milhões a fornecedores. O governo tucano passa por dificuldades financeiras, com obras atrasadas e suspensas, e diz precisar do dinheiro para recompor o caixa.

Linha federal de financiamento para infraestrutura, o Proinveste foi concedido há cerca de dois anos para todos os Estados da Federação, menos ao Paraná. O Tesouro Nacional, responsável por autorizar as operações de crédito, sustentava que descumprimentos da Lei de Responsabilidade Fiscal (como gastos excessivos com pessoal) impediam a concessão do empréstimo. Estados com outros problemas, porém, tiveram acesso ao dinheiro.

Após análise, o STF entendeu que o Tribunal de Contas havia aprovado as finanças do Paraná e que isso era suficiente para que o Tesouro liberasse o empréstimo.

As decisões do ministro do Supremo Marco Aurélio Mello saíram em fevereiro, abril e junho. Na última, foi aumentada a multa diária por descumprimento da decisão para R$ 500 mil. “É inconcebível que, por isto ou por aquilo, persista-se em certa ótica com o objetivo de driblar a decisão do STF”, avaliou Marco Aurélio.

Nesta quinta, o Tesouro enviou ao governo paranaense ofício informando que autorizou outros quatro empréstimos que estavam sob análise, no total de R$ 1,5 bilhão.

Procurado pela Folha, o Tesouro Nacional informou que o contrato de garantia que permite o empréstimo foi feito em maio e que o processo não dependia mais do órgão, e sim do Banco do Brasil.

O governo do Paraná, porém, sustenta que o Banco do Brasil faz consultas ao Tesouro antes de liberar o dinheiro.