José Pedriali
O PT apostava todas as fichas em Gleisi Hoffmann: jovem, bonita, senadora licenciada para chefiar a Casa Civil, ela tinha tudo – e, principalmente, a identificação partidária com a presidenta-adjunta Dilma e seu superior Lula da Silva, os salvadores da pátria amada Brasil – para encurralar Beto Richa na disputa pelo Palácio Iguaçu.
Deu tudo errado.
A passagem de Gleisi pela Casa Civil foi um fiasco, sua atuação no Senado é de “soldada” (a expressão é dela) do Planalto, a retenção de empréstimos federais ao Paraná está, queira-se ou não, associado à sua imagem, ofuscada ainda – e como! – por dois apoiadores de primeira hora de sua candidatura: o pedófilo Eduardo Gaievski e o sócio do doleiro Alberto Yossef, o cada vez mais por enquanto deputado federal André Vargas.
Simbiose
Não bastasse isso, a popularidade de Dilma tornou-se um processo que nem a arte que as seleções de futebol demonstram no gramado será suficiente para reverter o desastre que foi sua atuação fora de campo nos preparativos para o mundial. E não é só isso que ameaça a reeleição de Dilma: é ela própria, os desatinos de sua administração, a estagnação econômica em contraste com a inflação padrão Brasil, o desgaste do PT et., etc. etc.
A simbiose das duas tornou-as irmãs gêmeas, frente e verso da mesma moeda: Dilma Hoffmann é Gleisi Rousseff.
O fator Requião
E mais: a candidatura de Roberto Requião, vista (e em parte articulada) pelos petistas como vital para levar Gleisi ao segundo turno, ameaça sua sobrevivência já no primeiro. O rival de Richa, papel antes tramado para Gleisi, foi transferido para Requião.
Tropeço na largada
A indefinição na chapa de Gleisi, um dia depois do prazo final para a formalização de alianças, é mais uma pedra (ou iceberg?) em seu caminho. O acordo com o PCdoB, ao qual foi dada a vaga ao Senado, magoou os pedetistas, o principal aliado do PT nesta disputa. O PDT, de porte robusto, foi trocado por um nanico na vaga mais importante! Resultado 1: quase meio dia de terça-feira, e, depois de anunciado o médico Haroldo Ferreira, seu nome foi engavetado e não há outro em vista. Resultado 2: o PT também está amuado por ter sido preterido na vaga ao Senado…
Ricardo Gomyde é o candidato ao Senado. Jovem, bem articulado, mas uma insignificância em termos eleitorais. Foi vereador curitibano há tanto tempo que os eleitores de primeira viagem jamais tiveram notícia dele. Em vez de alavancar a candidatura de Gleisi – o que faria, por exemplo, um Léo de Almeida Neves, do PDT – terá se de apoiar na dela. Um típico caso de abraço de afogados.
Ele ainda pode ser rifado… mas aí teremos um terceiro partido magoado com a candidata…
Simbolismo
Gleisi e o PT tropeçam no primeiro lance da disputa. Não poderia haver simbolismo melhor para uma candidatura que derrete.
Os marqueteiros de Gleisi terão muito mais trabalho – e deles será exigido ainda mais talento – para moldar sua imagem eleitoral que os exímios cirurgiões responsáveis por seu belo visual.
Todo comentário, a favor ou contra minhas opiniões, é bem-vindo desde que contenha alguma racionalidade (*). Manifestações gestadas no fígado e – em se tratando de “ativistas digitais” de um partido estrelado – no intestino serão desconsideradas.
(*) Observação dirigida aos tais “ativistas”: racionalidade é o uso da razão, o que pressupõe lógica, conhecimento e capacidade de expressão. (Buscar no Google a definição de razão, lógica e expressão.)
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