por Eliane Cantanhêde, na Folha de S.Paulo
A compra da refinaria de Pasadena (EUA) virou um jogo de empurra: Dilma culpa a antiga diretoria da Petrobras, que culpa o Conselho Administrativo, que culpa a gestão de José Sérgio Gabrielli.
Como diz o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno, “essa história está cheirando mal”. E há muitas perguntas sem resposta:
1 – Como a tão centralizadora e detalhista Dilma, então chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, votou a favor de uma operação tão esquisita?
2 – Se havia todo um detalhamento da proposta, por que Dilma e os conselheiros, que são bem remunerados, contentaram-se com um mero resumo agora criticado como “técnica e juridicamente falho”?
3 – Como, à época, o diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, pivô da crise, acabou diretor financeiro da BR Distribuidora?
4 – E como o presidente Gabrielli virou secretário do governo da Bahia, subordinado ao governador petista Jaques Wagner, e até é um dos pré-candidatos à sua sucessão?
5 – Mas a mais importante questão de todas, no caso Pasadena, é aritmética: como, quando e por que pagar US$ 360 milhões pela metade de uma refinaria que acabara de ser vendida um ano antes, integralmente, por US$ 42,5 milhões?
6 – E a cláusula que obrigava uma das partes a comprar 100% da refinaria em caso de divergências não acendeu nenhum sinal amarelo?
7 – É comum uma refinaria de US$ 42,5 milhões passar a valer mais de US$ 1 bilhão num passe de mágica?
8 – Por que Dilma ficou esses anos todos calada e agora resolveu soltar uma nota jogando o escândalo dentro do Palácio do Planalto? Ela quis se antecipar a outros dados que estão para pipocar?
9 – Nessa nota, Dilma disse que, se todas as cláusulas fossem conhecidas, “seguramente” a compra da refinaria de Pasadena não seria aprovada. Admitiu, assim, que o negócio foi um verdadeiro escândalo?
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