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Sob cerco de Richa, Gleisi já fala em 2014

Sob cerco de Richa, Gleisi já fala em 2014

Lorenna Rodrigues e Fábio Pupo
Valor Econômico

Tratada pelo PT do Paraná como candidata certa ao governo do Estado em 2014, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sempre targiversou sobre a candidatura. Em entrevista ao Valor a ministra, pela primeira vez, fala na ‘possibilidade’ de disputar a eleição.

“Possibilidade sempre tem, porque eu sou senadora. Tem uma visão, do próprio partido e do Estado que eu seria um bom nome para disputar a eleição”, disse a ministra, ressalvando que “eleição de 2014 tem que ser pensada em 2014”, afirmou.

A ministra decide falar da candidatura como uma possibilidade is concreta, num momento em que seu mais forte concorrente, o atual governador Beto Richa (PSDB), candidato natural à reeleição, assedia possíveis aliados de Gleisi e comemora a repercussão negativa da prisão de um ex-assessor da Casa Civil.

Ex-prefeito de Realeza (PR), Eduardo Gaievski foi acusado de estupro de menores e preso sábado passado. O episódio está sendo fortemente explorado no Estado pelos aliados de Richa. Gleisi divulgou nota dizendo que as acusações são graves e devem ser apuradas.

Gleisi e Richa já se enfrentaram antes. A ministra perdeu a disputa pela prefeitura de Curitiba (PR) em 2008 para o atual governador. Em 2010, Gleisi foi eleita senadora pelo Estado. Em junho do ano seguinte, foi chamada para a Casa Civil, após a queda do então ministro Antonio Palocci.

A estratégia do PT é criar palanques para aumentar a exposição da ministra e intensificar as negociações para possíveis alianças. Novos eventos com a presença de Gleisi, porém, só serão marcados daqui a algumas semanas, depois que a prisão de Eduardo Gaievski, seu assessor na Casa Civil, “esfriar”.

O próximo grande evento será a inauguração da Rodovia Transboiadeira (BR 487, que liga o Mato Grosso do Sul a Ponta Grossa, no Paraná), obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que teve investimento de R$ 280 milhões do governo federal.

A obra deverá ser entregue pela presidente Dilma Rousseff nas próximas semanas, no que será sua terceira visita ao Estado em três meses. A expectativa é que Gleisi ganhe cada vez mais destaque em inaugurações e lançamentos de projetos, que estão sendo acelerados no Estado de olho em 2014.

Neste ano, Dilma já entregou retroescavadeiras e obras do “Minha Casa, Minha Vida” no interior do Paraná e participou de um seminário em comemoração aos dez anos do PT, sempre com a ministra da Casa Civil a tiracolo.

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), disse ao Valor que a ministra deverá deixar a Casa Civil em janeiro, quando só então será definida a composição das chapas.

A intenção do partido era lançar o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias (PDT-PR), ao Senado. Mas seu irmão, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) deve sair na chapa de Richa, e interlocutores acreditam que Osmar recuará para evitar a disputa familiar. Nesse caso, o nome mais cotado para a candidatura ao Senado é o do deputado André Vargas.

A indicação para o posto de vice está ainda mais complicada e dependerá do lado que o PMDB decidir apoiar.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) já indicou que quer ser candidato, mas uma fatia expressiva do partido prefere ir na contramão da aliança nacional e apoiar Richa, que já ofereceu o posto de vice em sua chapa à legenda. O apoio do partido à candidatura Gleisi, atualmente, é improvável.

“As decisões serão tomadas no ano que vem, mas vamos respeitar o PMDB como um partido que tem candidato. Não adianta ter apoio do PMDB com o Requião fora”, disse Vargas.

O nome mais forte para disputar como vice na chapa de Gleisi é o do líder do PSD na Câmara dos Deputados, Eduardo Sciarra, mas o partido afirma que lançará candidato próprio. PP e PSB, hoje aliados de Richa, também estão sendo sondados pelos aliados da ministra.

O atual governador tem liderado as últimas pesquisas eleitorais. Sondagem do Instituto Paraná Pesquisas/Jornal Gazeta do Povo de meados de agosto mostra que, na pesquisa espontânea – em que não são oferecidas opções de nomes para o entrevistado escolher – Beto Richa tem 12% das intenções de voto, enquanto Roberto Requião tem 4% e Gleisi Hoffmann 3%.

Nos cenários em que são indicados os candidatos, Richa aparece sempre na frente, mas sem ter votos suficientes para vencer a eleição no primeiro turno. O tucano tem entre 25% e 41% das intenções de votos, enquanto Gleisi recebe de 14% a 25%, a depender dos outros nomes incluídos na disputa.

Na simulação de segundo turno entre os dois pré-candidatos, Richa ganharia com 52%, enquanto Gleisi teria 34% dos votos. Segundo a pesquisa, ambos têm a mesma taxa de rejeição, de 13%.