A deputada Cantora Mara Lima (PSDB), em duro pronunciamento nesta segunda-feira, 26, na tribuna da Assembleia, exigiu que a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), venha a público esclarecer como contratou um assessor especial na Casa Civil que vem sendo investigado há três anos pelo Ministério Público por pedofilia.
O assessor, Eduardo Gaievski (PT), ex-prefeito de Realeza, teve a prisão decretada na última sexta-feira (23), por “estupro de vulnerável”, ou seja, meninas menores de 14 anos. Gaievski, que coordenava os programas sociais de assistência a menores na Casa Civil e a articulação política de Gleisi com prefeitos do interior do Paraná, se encontra foragido.
A deputada Mara Lima, presidente da Comissão de Defesa da Mulher e vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, disse que Gleisi tem “obrigação” de vir a público se explicar, porque o assessor que contratou está “enlameando” o nome do Paraná em todos os jornais e televisões do país.
“Nojo” – A deputada disse ter “nojo” desse tipo de criminoso, que ataca crianças e estranhou que Gleisi não tivesse informações sobre a ficha de seu funcionário, uma vez que as investigações já estendem por anos. Lembrou que a contratação de um assessor para atuar no Palácio do Planalto exige uma ampla averiguação da ficha pessoal, inclusive pela Abin – Agência Brasileira de Inteligência – e pelo Gabinete de Segurança Institucional.
“Será possível que a ministra soubesse do passado de seu assessor e mesmo assim o manteve no posto porque ele era útil politicamente?”, questionou Mara Lima. “A ministra Gleisi Hoffmann não pode deixar os paranaenses e brasileiros sem uma resposta”. A deputada leu um relato sobre os crimes atribuídos a Eduardo Gaievski, divulgados pela revista Veja e alguns dos principais jornais do país.
O assessor de Gleisi é investigado pelo estupro de 23 meninas com idade entre 13 e 16 anos. Ele abusava delas oferecendo dinheiro e fazendo ameaças, no caso da criança ser filha de funcionários da prefeitura. Chegou a premiar algumas de suas vítimas com emprego na prefeitura de Realeza, cidade de 17 mil habitantes no Sudoeste do Paraná. “Eram todas meninas pobres e indefesas, que o prefeito buscava, muitas vezes, na porta da escola para levar para o motel”, destacou Mara Lima.
Atrás das grades – Para a deputada, Eduardo Gaievski deve ser capturado e tão logo seja estabelecida sua culpa, preso. “Ele deve apodrecer atrás das grades”, destacou. Estamos aguardando uma explicação pública da ministra Gleisi Hoffmann. “Ela deve uma resposta ao Paraná e ao país porque a responsabilidade de ter colocado alguém com essa ficha suja na Casa Civil é exclusivamente dela”, destacou Mara Lima.
Gaievski foi prefeito de Realeza (PR) de 2005 até 2012 e ao deixar o cargo, foi convidado em janeiro deste ano pela ministra para ser seu braço direito na Casa Civil e coordenar programas sociais ligados a menores: combate ao crack e construção de creches.
Segundo um dos depoimentos da Revista Veja, o prefeito na época, Eduardo Gaievski aliciava as garotas usando mulheres mais velhas para convencê-las a manter relações com ele o então prefeito oferecia dinheiro a meninas pobres em troca de sexo. Umas das vítimas contou: “Eu tinha 13 anos de idade e o prefeito foi me buscar no colégio para levar para o motel”, diz J. S., uma das vítimas, que hoje está com 17 anos.
Escândalo – “A gente era ameaçada para não contar nada a ninguém”, diz A.F., que tinha 14 anos quando foi levada ao motel Jet’aime pelo prefeito três vezes, recebendo entre 150 e 200 reais cada uma delas. P.B., outra suposta vítima, contou que saiu com o prefeito três vezes em troca de um emprego na prefeitura. “Hoje tenho depressão e vivo a base de remédios”, conta a moça, que está com 22 anos. “Quando ele enjoou de mim, fui demitida.” Todos esses relatos foram mostrados pela revista Veja, que também revelou que as meninas disseram ter sido ameaças caso denunciassem o prefeito na época.
O escândalo veio à tona na mídia e a Casa Civil da Presidência da República se apressou em divulgar nota oficial no sábado comunicando o afastamento do acusado de estupro de menores. Em nota, a Casa Civil informou que o funcionário ficará longe de suas funções até que sejam apuradas as acusações.