Estelita Hass Carazzai
Folha de S. Paulo
Quando o engenheiro João Vicente Araújo chegou à presidência da Ferroeste, a estatal de ferrovias do Paraná, há seis meses, tinha de idade o que boa parte de seus comandados tinha de empresa. Com 25 anos, foi escolhido para recuperar a rentabilidade da companhia que leva a produção agrícola do oeste do Estado ao porto de Paranaguá – demanda crescente, mas que dava prejuízos mensais de até R$ 1 milhão.
O histórico era ruim: o antigo concessionário não investira e perdera a ferrovia na Justiça, em 2006. Com pouco pessoal, caixa zerado e equipamentos sucateados, a operação era deficitária. Com Araújo, chegou um novo diretor de produção, Rodrigo César de Oliveira – com iguais 25 anos. Oriundos da iniciativa privada (ambos foram trainees da ALL, famosa pela cobrança de metas), começaram a cobrar produtividade, cortar gastos e fechar acordos para investimentos em equipamentos e logística, em troca de transporte.
As parcerias deram fôlego ao caixa. Seis meses depois, a Ferroeste já opera no azul. O lucro ainda é quase zero, mas, desde fevereiro, o faturamento aumentou 30%. “Quando cheguei, havia uma piada interna de que uma Kombi do Conselho Tutelar iria me levar embora a qualquer momento”, diz o presidente, aos risos. Para ele, resistências internas ficaram para trás.
TINO COMERCIAL
Fontes consultadas pela Folha relatam que os objetivos da empresa, antes da nova direção, estavam muito mais ligados à elaboração de grandes projetos que quase nunca saíam do papel.
Segundo Araújo, a empresa não tinha indicadores de velocidade dos trens e gastava “de forma desordenada” –como no aluguel de locomotivas, a R$ 50 mil mensais, que não funcionavam. Apesar das melhorias, a Ferroeste não tem verba para investir e compete com empresas privadas que o com agilidade. “Na iniciativa privada, tinha duas horas para resolver um problema. Aqui, demoro meses. Você não imagina a agonia.” Não à toa, ele não gosta de reuniões.
Ainda assim, a expectativa é aumentar a produção da empresa em “chineses” 30% neste ano, por meio de acordo inédito com a ALL que irá permitir às duas empresas transportar vagões na malha alheia. A meta é fechar 2013 com faturamento de R$ 20 milhões –80% a mais do que em 2012.
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