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Falhas deixam dois vants parados na base da PF em São Miguel do Iguaçu

Juliet Manfrin
O Paraná

Antes era um, agora são dois os Vant (Veículos Aéreos Não Tripulados) que deveriam fazer o monitoramento e o controle na fronteira, mas que estão estacionados no hangar do aeroporto de São Miguel do Iguaçu onde funciona uma base da Polícia Federal. Juntos, eles custaram aos cofres do governo federal aproximadamente R$ 16 milhões com a promessa que revolucionariam a fiscalização tornando mais ágil a presença da polícia para o combate a crimes como o contrabando, descaminho e o tráfico de drogas e armas.

Desde que o primeiro exemplar foi apresentado oficialmente, no fim do ano de 2011, os robôs que têm a missão de, a partir de um comando localizado na sala de operações no aeroporto, produzir vídeos e fotografar com a possibilidade da transmissão em tempo real, não foram utilizados uma única vez por grandes monitoramentos, missões ou operações. As Delegacias Regionais a PF sequer tiveram acesso aos veículos aéreos e as únicas vezes que as aeronaves foram vistas deixando a base foi para voos de teste.

Os problemas envolvendo os vants e que já renderam ampla discussão nacional podem ir além dos já divulgados, como a falta de combustível e os problemas contratuais referentes á operação e manutenção. A inoperância dos equipamentos de tecnologia israelense também estaria associada, segundo agentes ligados ao Sindicato dos Policiais Federais do Paraná e que atuam na fronteira, à falta de estrutura e de equipes.

A denúncia é que os aviões não tripulados foram adquiridos arbitrariamente e enviados à região sem a existência de uma rede integrada para o monitoramento, controle e ação.

Falta de comunicação emperra projeto

Há agentes da PF capacitados como vantioperantes, porém estariam praticamente isolados para o trabalho. A única base para direcionamento das informações está em São Miguel do Iguaçu e uma das críticas é que há a necessidade de uma centralização em Brasília, como ocorre em outros países que utilizam a tecnologia de monitoramento.

Somado a isso, não existem grupos específicos de apoio. Caso o vant identificasse qualquer irregularidade ou movimentação estranha, não há equipes, por falta de agentes, que possam ficar de sobreaviso e fazer as abordagens.

Se elas existissem o problema seria outro. Não há sinal para comunicação via rádio ligando ininterruptamente o trecho de Foz do Iguaçu a Guaíra. “Não existe dinheiro para atualização e ampliação desse sistema e para a operacionalização, essa comunicação precisaria ocorrer de Foz do Iguaçu até Corumbá, no Mato Grosso do Sul, pelo menos”, conta um policial federal.

A expectativa da Direção Geral da Polícia Federal, com afirmações feitas recentemente pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é que os veículos aéreos não tripulados estariam na ativa no início de 2013. Para quem faz o trabalho de campo a expectativa é outra. “Tenho dúvidas que um dia vá mesmo voar, quem fez a aquisição desses equipamentos não conhece a fronteira nem a rotina do nosso trabalho”, critica outro agente.