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Caso de Lula irá para 1ª instância, diz Gurgel

 

Felipe Seligman
Matheus Leitão
Folha de S. Paulo

O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que provavelmente enviará à primeira instância o depoimento do operador do mensalão, Marcos Valério de Souza, no qual ele diz que recursos do esquema foram utilizados para pagar despesas pessoas de Lula.

Como ex-presidente, o petista não têm mais o chamado foro privilegiado, que restringe investigações e processos contra autoridades a instâncias superiores da Justiça.

Gurgel passará agora à fase de exame do depoimento e deverá encaminhar o documento para o primeiro grau após voltar de férias, ainda neste mês.

Caberá então a procuradores que atuam na primeira instância da Justiça avaliar se abrem uma investigação contra Lula ou se arquivam o caso, caso entendam não haver indícios contra ele.

Em dezembro, Gurgel já havia dito que, caso algo fosse encontrado em relação a Lula, o caso seria “encaminhado à Procuradoria da República de primeiro grau”.

Assim que recebeu as informações de Valério, no segundo semestre do ano passado, Gurgel decidiu não fazer nada até o final do julgamento do mensalão, que terminou em dezembro com 25 condenados, entre eles o próprio Valério e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Na avaliação das duas procuradoras da República que tomaram o novo depoimento de Valério, e do próprio Gurgel, não haveria nenhum fato bombástico, apenas informações que confirmariam o que foi denunciado ao STF.

A única informação nova seria a de que recursos provenientes do Banco Rural teriam sido usados não só para alimentar o esquema, mas também para pagar contas pessoais do presidente Lula.

O ex-presidente tem evitado se manifestar, mas disse que as declarações de Valério são mentirosas.

No final do julgamento do mensalão, o procurador-geral chamou Marcos Valério de “jogador”, mas argumentou que nada deixaria ser investigado.

“Com muita frequência Valério faz referência a declarações que ele considera bombásticas etc., e quando nós vamos examinar em profundidade não é bem isso. Mas vamos ver o que existe no depoimento”, disse na ocasião.