Em reportagem publicada nesta quarta-feira (31) pela Agência Estado, assinada pela jornalista Débora Bergamasco, Clara Becker, amiga e primeira mulher do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), mãe de seu filho mais velho, Zeca Dirceu (PT-PR), afirma que tanto o ex-ministro quanto José Genoíno (ex-presidente do PT) estão pagando por Lula.
“Se ele fez algum pecado, foi pagar para vagabundo que não aceita mudar o País sem ganhar um dinheiro (…) Se ele pagou, foi pelos projetos do Lula, que mudou o Brasil em 12 anos”, afirma, referindo-se ao pagamento a parlamentares da base aliada que receberam dinheiro para votar a favor de propostas do governo do ex-presidente Lula, segundo a denúncia do Ministério Público.
Clara e Dirceu foram casados por quatro anos na época da ditadura militar. Amiga próxima do ex-marido há mais de três décadas, ela tem certeza de que “Dirceu não é ladrão”. Para Clara, militantes do PT como Dirceu e José Genoino estão sendo sacrificados. “Eles estão pagando pelo Lula. Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando”, indigna-se. “Sabe, é muito sofrimento. Uma vez peguei meu filho chorando de preocupação com o pai. E minha neta, Camila, também sente muito.”
Ainda segundo a reportagem, a família de Dirceu já se prepara para o pior: sua condenação em regime fechado por envolvimento com o mensalão. Enquanto o Supremo Tribunal Federal não decide a pena, parentes já planejam como serão as visitas na cadeia. A refeição da penitenciária é uma das preocupações, pois o ex-ministro é reconhecido como um sujeito bom de garfo. “Meu medo é que ele se mate na prisão”, chora Clara Becker, 71 anos.
Clara, com quem Dirceu se casou sem dizer quem era ou mencionar suas atividades políticas (ele foi preso pela ditadura e trocado pelo embaixador americano, Charles Elbrick, junto com outros presos políticos, viveu no exílio e voltou ao Brasil com nome falso e rosto modificado por uma cirurgia plástica), sabia que o marido guardava um segredo. Imaginou que ele tivesse uma família em outra cidade, mas que teria fugido “da bruxa da mulher dele e se ele quer ficar comigo e não com ela, deixe ele aqui, né?”, lembra.
Só quando a anistia política foi decretada, em 1979, foi que José Dirceu contou à mulher quem realmente era, apontando uma foto dele e de outros exilados em recorte de jornal. “Pensei assim: ‘Ai, era isso? Grande coisa’, porque nem estava por dentro do que aquilo significava.”
Sua preocupação foi ter registrado o filho com o nome de um pai fantasma. Mas compreendeu a importância da mentira. Também diz não ter-se magoado quando, assim que voltou a ser Dirceu, mudou-se para São Palo. “Ele até quis que eu fosse junto, mas não dava, eu estava com filho pequeno, ajudava minha família e ele nem salário tinha, só queria saber de fundar essa miséria desse PT”, conta ela, que é petista roxa, com direito a uma piscina nos fundos de casa decorada com a estrela e a legenda do partido em minipastilhas.
Arrependida. Para ela, o único golpe foi ir a São Paulo e encontrar cabelos pretos de mulher no banheiro. Descobriu que era traída. “O Dirceu me disse: ‘Se eu tenho outra é um problema, agora se a gente vai se separar é outra questão’. E eu: ‘Não, senhor, acabou aqui, cara’. Peguei minhas coisas, o moleque pela mão e fui embora. Hoje, me arrependo, se eu não tivesse deixado o campo limpo, estaria com ele…”, idealiza.
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