Posicionamento de pedetistas contra projetos do governo pode favorecer PTB e PSC. Deputado paranaense é cotado para assumir pasta deixada por Lupi
da Gazeta do Povo
A presidente Dilma Rousseff estuda entregar o Ministério do Trabalho a um bloco formado por dois partidos: PTB e PSC. A pasta é ocupada pelo PDT, sigla dividida sobre o apoio ao governo. Um dos que podem ser favorecidos pela mudança é o deputado paranaense Alex Canziani (PTB), cotado para assumir o ministério.
Além dele, há outros no páreo, sendo o deputado Hugo Leal (PSC-RJ) um dos nomes mais fortes para a vaga, segundo avaliação de petistas. Além de Leal e Canziani (PTB-PR), os deputados Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Cadoca (PSC-PE) também figuram a lista da sucessão ministerial.
O deputado federal paranaense optou por não comentar o assunto, porque não há nada oficial, de acordo com a sua assessoria de imprensa.
A solução de repartir a pasta surgiu após o Palácio do Planalto constatar a dificuldade de manter o PDT unido na base aliada. Setores da sigla flertam com o PSDB em São Paulo, sobretudo após o anúncio da candidatura do tucano José Serra à corrida na capital.
Ao mesmo tempo, a alternativa contemplaria legendas menores que, juntas, equivalem a uma bancada de médio porte na Câmara. Hoje, tanto o PTB como o PSC estão de fora do governo Dilma. A aproximação com as legendas, caso se confirme, ocorrerá poucos dias após o ingresso do PRB na Esplanada dos Ministérios. O senador e pastor carioca Marcelo Crivella tomou posse ontem no Ministério da Pesca. Com isso, o PRB se tornou a oitava legenda governista a conquistar um assento no primeiro escalão. Além do PTB e do PSC, Dilma pode enfrentar pressão do PV, que no governo Lula comandava o Ministério do Meio Ambiente. O PR também tem forçado uma troca no Ministério dos Transportes. Apesar de ser filiado ao partido, o atual titular, Paulo Sérgio Passos, tem um perfil técnico. A legenda quer indicar o nome de algum parlamentar para o cargo.
Reduto
O PDT, ex-reduto de Dilma, comanda o Trabalho desde a gestão Lula. Acabou perdendo o então titular Carlos Lupi (RJ) no fim do ano passado após suspeitas de irregularidades o derrubarem do cargo.
De lá para cá, os líderes da sigla passaram a disputar a sucessão. De um lado, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP) e o próprio Lupi. Do outro, Brizola Neto (RJ), hoje o pedetista mais ligado à presidente da República.
Dilma gostaria de ver o aliado no cargo, mas ele controla menos de 10 deputados na Câmara, o que dificulta sua indicação. Esse racha interno inviabilizou a construção de um substituto imediatado para a pasta e vem motivando traições em votações caras ao Planalto no Legislativo.
O PDT, mais próximo do PSDB de José Serra em São Paulo que do PT, votou em peso esta semana contra a criação de um fundo de previdência complementar para os servidores públicos.
Num gesto de afronta captado pelo Executivo, também apresentou uma liminar na Justiça tentando evitar a aprovação do texto na Câmara. Isso ocorreu em um momento em que Dilma Rousseff buscava um pedetista de consenso para o Trabalho, azedando as negociações para a sucessão no ministério.
Além disso, o deputado João Dado, do PDT de São Paulo, acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra o projeto da nova previdência dos servidores. Ele ingressou com um mandado de segurança alegando que o governo não poderia enviar uma proposta sobre os fundos de pensão sem a previsão orçamentária. O Planalto enviou um projeto de lei ao Congresso, realocando recursos de outras áreas para os fundos, mas o texto ainda não foi apreciado.
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