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Fronteira Socialmente Incorreta

Do Sítio Coletivo:

“Hardcore é protesto, a voz dos necessitados…”, diz a composição que também dá nome a banda Socialmente Incorreto e reflete o peso da sonoridade e letras desse quarteto de Foz do Iguaçu que há oito anos vem representando o cenário underground do “velho oeste” paranaense e da Tríplice Fronteira.

Como já foi dito, esse espaço coletivo tem como um dos focos ampliar a abertura à artistas que produzem de forma independente, especialmente em nossa região. Em razão disso a porteira do sítio foi encancarada para os iguaçuenses Marção Oliveira (guitarra), Rodrigo Barreto (baixo), Cleiton “Telis” (bateria) e Ademar Junior “Velo” (vocal).

Com influências do punk-rock, hardcore nova-iorquino e o rap, mas sem cair em rotulagens, Socialmente Incorreto leva em suas composições a música de protesto, a realidade de nossa fronteira, além de críticas à mídia hegemônica e aos “velhos costumes modernos”. Em 2007, eles lançaram um álbum homônimo com oito faixas.

Esse blogueiro conheceu pessoalmente a galera do Socialmente que esteve recentemente tocando em Cascavel e aproveitou para trocar uma ideia sobre música e comunicação, que fazem parte da vida dos integrantes da banda. Sem delongas, acompanhe abaixo o bate-papo.

Como e quando surgiu o Socialmente Incorreto?
[Velo] O Socialmente começou em 2003. Dois desocupados, numa quadra de basquete, tiveram a ideia de montar uma banda. Eu tinha algumas composições, já com algumas bases toscas. Chamamos mais dois desocupados e a merda tava feita.

[Marcão] Eu não era um dos desocupados. Entrei na banda logo após a gravação do CD, em 2008. O Teli (bateria) entrou em 2009.

Como definem a cena Hardcore e underground em Foz e o que representa para vocês?
[Velo] Com toda a sinceridade, hoje pouco se vê dessa cena. Alguns poucos remanescentes das boas épocas. O que acontecia antes – sempre tinha uma piazada nova – não se vê mais. Acho que perdemos pros ‘emos’ e pros ‘coloridos’.

[Marcão] O Velo bateu num ponto importante: falta renovação. A época em que a molecada corria atrás de galpões para alugar; percorria ruas da cidade colando cartazes; distribuía fliers, passou. Houve uma certa acomodação, uma vez que surgiram bares que mantinham a estrutura necessária para os shows. Isso deu fôlego, por um tempo. Como não é fácil manter um bar para um público sem dinheiro, esses lugares acabam fechando. Agora, quem, com 30, 40 anos de idade pesando nas costas, família para manter, contas a pagar, tem gás para recomeçar o processo?

Além do HCNY, que se percebe no álbum, quais as outras influências musicais?
[Velo] O gosto musical da banda varia muito, mas o que me influencia nas composições são o HC e o Rap.
[Marcão] Eu sempre ouvi de punk rock a rock brasileiro dos anos 80, além de guitar band, entre outras coisas. O Teli (bateria) curte jazz. Claro que não dá pra colocar nas nossas músicas tudo aquilo que gostamos, mas acho que dá pra notar algumas ‘pegadas’ diferentes, principalmente ao vivo.

A realidade da fronteira é “hardcore” por natureza, como influencia nas composições?
[Velo] Somos quase todos nascidos aqui, onde vivemos há muito tempo. Então temos um grande apego a cidade, o que é uma das principais fontes de inspiração na hora de compor.

[Marcão] Um passeio pela Ponte da Amizade, num sábado, rende bastante assunto! (risos)

Em músicas como Ninguém se move e Guerra na Fronteira, vocês falam de luta social e figuras como Lampião e Chico Mendes. Falem um pouco dessa “pegada”.

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