Por Josias de Souza, na Folha Online:
Subiu no telhado a pretensão do PMDB de acomodar o ex-governador paranaense Orlando Pessuti na diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil.
Dilma Rousseff informou aos seus operadores políticos que planeja entregar a cadeira ao candidato derrotado ao governo do Paraná Osmar Dias, do PDT.
Pessuti e Dias ajudaram, cada um a seu modo, a organizar o palanque paranaense de Dilma na eleição de 2010.
Vice de Roberto Requião (PMDB), Pessuti virou governador depois que o titular deixou o posto para mergulhar na vitoriosa campanha ao Senado.
Embora as pesquisas não lhe sorrissem, Pessuti cogitava lançar-se à reeleição. A pedido de Lula, abandonou a ideia.
O PMDB associou-se, então, ao PDT e ao PT na coligação que deu suporte à candidatura de Osmar Dias, cujo palanque foi franqueado a Dilma.
Irmão de Alvaro Dias, líder do PSDB no Senado, Osmar flertou com a candidatura presidencial de José Serra. Viabilizada a aliança local pró-Dilma, desistiu.
Terminada a temporada eleitoral, PMDB e PDT incluíram Pessuti e Dias no rol de derrotados com “merecimento” para ocupar postos no segundo escalão federal.
O PMDB dava de barato que Pessuti iria à cobiçada diretoria de Agronegócios do BB. Imaginava-se que Osmar Dias seria contemplado com uma diretoria de Itaipu.
A preferência de Dilma por Dias, manifestada nos subterrâneos, força o PMDB a prospectar novas alternativas.
Afora os pendores da presidente, levantou-se contra Pessuti a voz de Roberto Requião. O ex-vice Pessuti tornou-se também ex-amigo do agora senador Requião.
Eis o que diz Requião de Pessuti: “Ele quebrou Estado do Paraná depois do enorme esforço que fizemos para ajeitá-lo…”
“…Começou a liberar precatórios, deu um aumento para a Polícia Militar que custa R$ 650 milhões num ano. Não vai poder ser pago…”
“…Fez um governo de um populismo e de uma irresponsabilidade sem medida. Se a nomeação dele se confirmar, tenho pena do Banco do Brasil”.
A despeito do nariz torcido de Requião, o Planalto não exclui a hipótese de entregar a Pessuti outro cargo que não seja a diretoria do BB.
Pessuti não é a única pendência do partido do vice-presidente Michel Temer. A lista do PMDB inclui outros náufragos de 2010.
O principal, Geddel Vieira Lima, derrotado na disputa pelo governo da Bahia, acaba de ser nomeado vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.
Aguardam na fila, além de Pessuti: José Maranhão e Iris Rezende, derrotados, respectivamente, nas disputas pelos governos da Paraíba e de Goiás.
Para Maranhão, o PMDB reivindicara a diretoria de Loterias da Caixa. Não deve levar.
Para Iris, a legenda requisitara a Sudeco, órgão que gere a liberação de incentivos fiscais para a região Centro Oeste. Talvez leve.
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