Por Márcia Denser, no Congresso em Foco:
“Talvez o epitáfio de Fernando Henrique devesse ser ‘Príncipe das Trevas’, uma amarga ironia para quem se queria o autor do renascimento brasileiro e que algum dia foi chamado por Glauber Rocha de ‘príncipe dos sociólogos’”
Tentando formular algumas características do atual momento político brasileiro, repasso alguns textos de Chico de Oliveira, publicados em A era da indeterminação (São Paulo, Boitempo, 2007), precisamente quando ele diz que um dos mais instigantes paradoxos da situação brasileira é que a participação da cidadania na política aumentou extraordinariamente no Brasil nos últimos 50 anos, principalmente pela ampliação do colégio eleitoral e diversificação da “oferta política”. O voto obrigatório contribuiu muito para romper o coronelismo, até em locais secularmente oligárquicos, incluindo-se o exponencial crescimento do associativismo civil. Mas é nessas condições extremamente favoráveis que ocorre a perda da representatividade.
Uma vez que temos aqui uma democracia apenas “formal” e não “de fato e de direito”. Segundo Chico, há uma “ação anticomunicativa”, uma falta de formas, sem as quais a política não se faz. Porque existe a chamada “autonomização do mercado” – nada a ver com a autonomia cidadã da tradição liberal, mas o seu contrário. Aqui “autonomização” significa que não há regras mercantis, é o mercado para além de si, um permanente ad hoc, em que não se fixam contratos. (Leia mais)
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