Não deixem de ler o caderno Mais, da Folha de S. Paulo, deste domingo (4). Uma pesquisa do Instituto Datafolha traz um apanhado da ética, corrupção e da credibilidade, ou falta dela, das instituições brasileiras. O levantamento é escrutinado em matérias com análises, artigos e comentários. Não sobra para ninguém. Para 92% dos brasileiros, há casos de corrupção envolvendo deputados, senadores e partidos políticos. Em seguida, vêm a Presidência da República e os ministérios (88%), os governos estaduais (87%) e as Assembleias Legislativas e seus deputados estaduais (86%).
Prefeituras e Câmaras Municipais e a Polícia Militar dos Estados são vistas por 81% dos brasileiros como instituições nas quais existe corrupção. A Polícia Civil fica empatada na margem de erro da pesquisa, pontuando 79%. Para 77% da população, os times de futebol têm alguma ligação com casos de corrupção. Um pouco abaixo estão a Polícia Federal (74%), o Poder Judiciário (juízes) e promotores (73%) e a imprensa (61%).
Vou repicar alguns trechos das análises que aponta que nem tudo está perdido. Vivemos na dualidade de países escandinavos (Suécia, Noruega, Dinamarca…os menos corruptos do mundo) e o Bruzundanga (país fictício criado pela literatura de Lima Barreto). Ou seja, o brasileiro tem o conceito, noção da ética e condena a corrupção, mas é muito tolerante até com o jeitinho brasileiro. E quem não se salva mesmo é a elite
O cientista político Renato Lessa reedita máxima de San Tiago Dantas: “o povo enquanto povo é melhor do que a elite enquanto elite”. Jânio de Freitas escreve: “Já a corrupção graúda é uma categoria especial. Obra da ganância que não se satisfaz nunca, é a imoralidade pura, em estado bruto, é a ordinarice por excelência” – numa análise entre quem vende e compra CD/DVD e os grandes corruptores.
Já Wanderlei Guilherme dos Santos chega a dizer que, nós brasileiros, somos socialistas. “Nós, brasileiros, não somos normais. Adeus, autonomia da consciência individual do bom e velho liberalismo. Nós, brasileiros, estamos sendo normalizados. Assim eram designados os dissidentes políticos na União Soviética…De acordo com a teoria oficial de então, só sujeitos coletivos, não indivíduos, alcançam a verdade. O sujeito coletivo era, no caso, o Partido Comunista da União Soviética, e suspeitar de suas opiniões equivalia a negar a verdade objetiva – só mesmo estando de má-fé ou mentalmente comprometido. Daí os tratamentos e as normalizações. Pois não é que, com respeito ao fenômeno da corrupção, nós, brasileiros, pensamos praticamente a mesma coisa, descontados raros e excepcionais desvios?”
do blog www.joaoarruda.com.br
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