Por Fábio Campana, no Estadinho
O PMDB corre o sério risco de deixar escapar a presidência da Assembléia, tamanha é a luta interna que transformou a bancada estadual em briga de foice no escuro.
Tudo seria mais fácil se o Requião entrasse na arena dos leões para arbitrar e decidir quem fica com o prêmio maior, a presidência. Mas ele está decidido a ficar fora dessa. A rapaziada que se vire sozinha.
Ontem, os futuros deputados do PMDB marcaram uma reunião na sede do partido. Diante do entrevero preliminar, foi transferida para o Palácio Iguaçu, sob as bênçãos do vice Orlando Pessuti.
O partido elegeu a maior bancada da paróquia, mas é mais fácil juntar inimigos de siglas diferentes que estabelecer a paz e a harmonia nas hostes do velho de guerra.
Nereu Moura é quem tem a maior chance de ficar com o cargo. Mas enfrenta batalhas diárias e um desgaste crescente. Caíto Quintana, que também almeja a presidência, faz carga contra Nereu e contra qualquer outro que pretenda o podium.
Há outras complicações internas. O deputado Mahmede não se entende com Romanelli. Os dois formam a dupla da gangorra. Um senta, o outro levanta. Bete Pavin não fala com Edson Strapasson, da mesma província.
O deputado Anibelli aguarda a oportunidade de se apresentar como nome de consenso. Não é o único. Waldir Pugliesi imaginou a mesma manobra.
Possibilidades de consenso? Quem olha a cena aprendeu a ser cético graças a formidáveis lições de cinismo. O mais ansioso pelo resultado da reunião no Palácio não era um peemedebista. Era Nelson Justus, do PFL, principal beneficiário das pendengas internas do PMDB. Hoje, ele é o nome capaz de reunir gregos e baianos no mesmo time.
Justus é capaz de construir o consenso que o PMDB não alcança. Nem a pau. Um dos aspectos mais negativos da situação, bem acima do debate interno medíocre (que esperar, além disso?) consiste na ausência quase generalizada de coerência. Entra em jogo uma questão moral, tanto mais grave quanto desapercebida pela maioria. Mas essa é outra história.