Metro/Curitiba
“O Paraná será o estado mais moderno do Brasil”, este é um dos mantras que o governador Ratinho Junior (PSD) vem adotando para a sua gestão. O foco é em metas e resultados, se desviando assim do debate ideológico. Já no discurso de posse, se disse a favor do “estado necessário”, que se pauta pela “eficiência e pela estrutura necessária para resgatar a dignidade dos que mais precisam.”
Ainda na primeira semana no cargo Ratinho cumpriu a promessa de reorganização administrativa, enxugando a máquina para apenas 15 secretarias. De quebra, anunciou fusões de órgãos, juntando a Emater com o Iapar, o Centro Paranaense de Agroecologia e a Codapar.
A redução de comissionados, no entanto, não vingou. O governador se disse surpreso com o número de 3 mil cargos (o menor país) e anunciou que vai até aumentar a remuneração de algumas das vagas, em busca de atrair profissionais de mercado.
O novo governador ganhou as eleições com o discurso da antipolítica e da exaltação da iniciativa privada. Mesmo sendo deputado desde os 21 anos, repetiu à exaustão que “não é filho da política, mas do trabalho”.
Na formação do secretariado, no entanto, não esqueceu dos aliados políticos, que agora serão maioria. Apenas o PSD terá seis representantes: os deputados estaduais Guto Silva, Ney Leprevost e Márcio Nunes ocuparam a Casa Civil, Justiça e Desenvolvimento Ambiental, respectivamente. Na Infraestrutura o deputado federal Sandro Alex foi o designado, e Reinhold Stephanes ficou com a Gestão Pública. Por fim o ex-prefeito de Apucarana, Beto Preto, comandará a Saúde.
Na lista de Ratinho também não faltou espaço aos aliados. O secretário do planejamento, Valdemar Bernardo Jorge, é presidente do PRB-PR. E até quem já foi do governo Richa retorna. Norberto Ortigara, ex-secretario da Agricultura, voltará à pasta, e João Carlos Ortega retomará o Desenvolvimento Urbano.
Os representantes do sucesso empresarial até agora são poucos: além do vice, Darci Piana, presidente da Fecomércio, o maior destaque é o secretario de Educação Renato Feder, ex-CEO da Multilaser.
Mesmo com um grupo de perfil político, Ratinho diz que não abre mão dos métodos empresariais. “Esse novo modelo de gestão que a população espera que aconteça exige transparência, medidas de governança com uma política de compliance em todas as áreas”.
LIMITE DE GASTOS COM A FOLHA
É de janeiro de 2016 a data do último reajuste linear dos servidores, quando foi concedido 10,6% de aumento. Completando três anos sem aumentos, cresce a pressão dos sindicatos e a situação tem potencial de se agravar, já que desde o semestre passado o governo parece não ter margem para oferecer um reajuste. Em agosto de 2018, 46,12% das receitas já foram para salários – índice bem próximo aos 46,55% do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Para complicar, ano passado o Paraná assinou um acordo com a União, para renegociar suas dívidas. Caso extrapole nos gastos, terá que devolver R$ 1,9 bilhão.
NOTA BAIXA
As escolas paranaenses, especialmente as públicas, bombaram nas últimas avaliações do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Entre 2015 e 2017, último ano em que as notas foram divulgadas, o ensino médio avançou apenas 0,1, passando de 3,9 para 4, aumento considerado inexpressivo pelo MEC, já que a meta era 5. Além disso, a diferença de desempenho entre os alunos das escolas privadas e estaduais é gritante. Entre os primeiros, a nota foi de 5,9, enquanto quando só se leva em conta as escolas estaduais, o número cai para 3,7. Em seus primeiros pronunciamentos, o novo secretário da educação Renato Feder assumiu o problema e falou que é preciso aumentar a nota do Ideb. A receita, disse, passa longe de um novo conflito com os professores. “Nós temos que dar todos os meios para que eles possam entrar em sala e dar uma boa aula”.
PARCERIAS EM INFRAESTRUTURA
Não falta ambição para o novo governo no quesito infraestrutura. Logo após eleito, Ratinho disse querer levar adiante o projeto de ligação de 3 mil km entre os portos de Paranaguá e Antofagasta (Chile). Depois, ainda pediu ao ministro da economia Paulo Guedes para que os aeroportos de Foz do Iguaçu passem para gestão local – ele quer construir uma pista internacional na fronteira. “Seremos o hub logístico da América Latina para assumir a liderança econômica na região”. Para isso, no entanto, é preciso dinheiro privado, já que o estado não tem recursos.
MENOS MÉDICOS
Problema diplomático criado antes mesmo na posse de Jair Bolsonaro (PSL) na presidência, a saída dos médicos cubanos deve continuar afetando os paranaenses neste ano. O Estado perdeu 458 profissionais e, apesar dos esforços do Ministério da Saúde, as vagas ainda não foram preenchidas. Os números ainda não estão fechados, mas em Ponta Grossa, uma das cidades mais atraentes aos novos médicos, apenas 35 dos 56 selecionados se apresentaram no trabalho. Brasileiros formados no exterior são aguardados nos municípios paranaenses a partir de hoje.
CASAS DO CRIME
Ignorada por diversas gestões do governo, a atuação do crime organizado dentro das cadeias estaduais vem tomando proporções mais dramáticas nos últimos meses. Em setembro, bandidos invadiram a penitenciária de Piraquara e conseguiram resgatar lideranças do PCC. Mais tarde, uma investigação da PF no presídio descobriu que os detentos tinham acesso até a uma rede wi-fi dentro da cadeia. Durante a campanha Ratinho lançou a ideia de usar parcerias público-privadas para administrar alguns presídios, mas não deu detalhes de como funcionaria o sistema. Os novos responsáveis pelo sistema carcerário paranaense ainda não foram anunciados.
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https://rm.metrolatam.com/pdf/2019/01/07/20190107_metro-curitiba.pdf
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